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sábado, 21 de janeiro de 2012

Missionário Daniel Berg

Missionário, evangelista, pastor e ao lado de Gunnar Vingren, fundador da Assembléia de Deus no Brasil.

Daniel Gustav Högberg, conhecido no Brasil como Daniel Berg, nasceu em 19 de abril de 1884, na pequena cidade de Vargön (Ilha do Lobo), na Suécia, às margens do lago de Vernern. Quando recém-nascido, o padre da cidade visitou inúmeras vezes a casa de seus pais para convencê-los a batizá-lo, mas nada conseguiu. Por isso, desde criança, Daniel era mal visto pelo padre, que, desprestigiado, passou a dizer que a criança que não fosse batizada por ele jamais sairia de Vargön. "Já naquele tempo pude observar a desvantagem e o perigo de o povo ter uma fé dirigida, sem liberdade. A religião que dominava minha cidadezinha e arredores impossibilitava as almas de terem um encontro com o Salvador", conta o pioneiro em suas memórias.

Quando o Evangelho começou a entrar nos lares de Vargön, seus pais, Gustav Verner Högberg e Freddrika Högberg, o receberam com alegria e ingressaram na Igreja Batista. Logo procuraram educar o filho segundo os princípios cristãos. Em 1899, quando contava 15 anos de idade, Daniel converteu-se e foi batizado nas águas na Igreja Batista de Ranum.


Em 1902, aos 18 anos, pouco antes do início da primavera nórdica, deixou o país. Embarcou a 5 de março de 1902, no porto báltico de Gotemburgo, no navio M.S. Romeu, com destino aos Estados Unidos, como tantos outros haviam feito antes dele. O motivo para deixar sua pátria querida foi a grande depressão financeira que, até então, dominava a Suécia, fato que o forçou a deixar o lar paterno em tão tenra idade, a fim de tentar, na América do Norte, obter os meios de sobrevivência.

Em 25 de março de 1902, Daniel desembarcou em Boston. No Novo Mundo, sonhava, como tantos outros de sua época, em realizar-se profissionalmente. Mas Deus tinha um plano diferente e especial para sua vida.

De Boston, viajou para Providence, Rhode Island, para se encontrar com amigos suecos, que lhe conseguiram um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos por sete anos, onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à cidade natal, onde o tempo parecia parado. Nada havia se modificado. Só Lewi Pethrus, seu melhor amigo, companheiro de infância, não morava mais ali. "Vive em uma cidade próxima, onde prega o evangelho", explicou sua mãe.

Logo chegou a seu conhecimento que um amigo seu recebera o batismo no Espírito Santo, coisa nova para sua família. A mãe do amigo insistiu para que Daniel o visitasse. Aceito o convite, seguiu para ver o amigo, mas no caminho tomou tempo para estudar as passagens bíblicas onde se baseava a “nova doutrina”. Chegando à igreja do amigo Lewi Pethrus (Igreja Batista de Lindköping), encontrou-o pregando. Sentou e prestou atenção na mensagem. Após o culto, conversaram longamente sobre a nova doutrina. Daniel demonstrou ser favorável. Em seguida, despediu de seus pais e partiu, pois sua intenção não era permanecer na Suécia, mas retornar à América do Norte.

Em 1909, em meio à viagem de retorno aos Estados Unidos, Daniel orou com insistência a Deus, pedindo o batismo no Espírito Santo. Como não estava preocupado como da primeira vez, posto que já conhecia os EUA, canalizou toda a sua atenção à busca da bênção. Ao aproximar-se das plagas norte-americanas, sua oração foi respondida.

A partir de então, sua vida mudou. Daniel passou a pregar mais a Palavra de Deus e a contar seu testemunho a todos. Mais tarde, concluiu seus estudos no Instituto Bíblico Batista. Desejava ser um missionário. Seu ideal coincidia com o plano divino.

Ainda em 1909, por ocasião de uma conferência em Chicago, Daniel encontrou-se com o pastor batista Gunnar Vingren, que também fora batizado com o Espírito Santo. Os dois conversaram horas sobre as convicções que tinham. Uma delas é que tanto um como o outro acreditava que tinham uma chamada missionária. Quanto mais dialogavam, mais suas chamadas eram fortalecidas.
Quando Vingren estava em South Bend, Daniel Berg estava trabalhando em uma quitanda em Chicago quando o Espírito Santo mandou que se mudasse para South Bend. Berg abandonou seu emprego e foi até lá, onde encontrou Vingren pastoreando a igreja batista dali. "Irmão Gunnar, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão para juntos louvarmos o Seu nome", disse Berg. "Está bem!", respondeu Vingren com singeleza. Passaram, então, a encontrarem-se diariamente para estudar as Escrituras e orar juntos, esperando uma orientação de Deus. 

Após a revelação divina dada ao irmão Adolf Uldin de que o lugar para onde deveriam ir era o Pará, no Brasil, Daniel Berg, contra a vontade de seus patrões, abandonou o emprego. Eles argumentaram: "Aqui você pode pregar o Evangelho também, Daniel; não precisa sair de Chicago". Mas ele estava convicto da chamada e não voltou atrás.

Ao se despedir, Berg recebeu de seu patrão uma bolacha e uma banana. Essa era uma tradição antiga nos Estados Unidos. Simbolizava o desejo de que jamais faltasse alimento para a pessoa que recebesse a oferta. Esse gesto serviu de consolo para Berg, que em seguida partiu com Vingren para Nova Iorque, e de lá para o Brasil em um navio.
Chegando em Belém do Pará em 19 de novembro de 1910, Daniel Berg, então com seus 26 anos de idade, logo se empregou caldeireiro e fundidor na Companhia Port of Pará, recebendo salário mensal de 12 mil réis, passou a custear as aulas de português ministradas a Vingren por um professor particular (o pastor metodista norte-americano Justus Nelson). No fim do dia, Vingren ensinava o que aprendera a Daniel. Justamente por isso, Berg nunca aprendeu bem a língua portuguesa. O dinheiro que sobrava era usado na compra de Bíblias nos Estados Unidos. 

Tão logo começou a se fazer entender na língua portuguesa, Daniel saiu de seu emprego e passou a dedicar-se integralmente à obra do Senhor. Tornou-se colportor.

Passou, então, a evangelizar as cidades e vilas ao longo da Estrada de Ferro Belém-Bragança, enquanto Vingren cuidava do trabalho recém-nascido na capital. Como o evangelho era praticamente desconhecido no interior do Pará, Berg se tornou o pioneiro da evangelização na região. É que as igrejas evangélicas existentes na época não tinham recursos suficientes para promover a evangelização no interior.

Daniel Berg ia de casa em casa, oferecendo literatura evangélica, a assim tinha a oportunidade de falar do amor de Deus às pessoas interessadas. Ele tinha êxito no trabalho de evangelização pessoal, na venda de livros e distribuição de passagens bíblicas, o que lhe dava, também, oportunidade de testificar a muitas pessoas, pois, na época, mesmo tendo um escasso vocabulário, o Espírito Santo no momento exato punha as palavras certas em sua boca. Dizia sempre a todos com quem falava: “Jesus Cristo salva, batiza com o Espírito Santo e cura os enfermos”.

Daniel Berg foi um evangelista itinerante. Esse trabalho abençoado serviu de base para a disseminação da mensagem pentecostal, que atingiu todas as pequenas cidades por onde andou. Humilde, era de uma simplicidade invulgar. Sempre estava pronto a fortalecer os necessitados de uma palavra de conforto.

Esse trabalho não ficou restrito apenas a esta Capital. Foi mais longe. Viajou por diversas cidades interioranas. Suas experiências estão relatadas parcialmente no livro “Enviado por Deus”, de sua autoria.

Após a evangelização de Bragança, tornou-se também o pioneiro na evangelização da Ilha do Marajó, onde peregrinou por muitos anos, a bordo de pequenas e grandes canoas. Berg ia de ilha em ilha, levando a mensagem bíblica aos pequenos grupos evangélicos que iam se formando por onde passava.

No início de 1920, Daniel visitou a Suécia, onde se enamorou com a jovem Sara, com quem se casou em 31 de julho daquele ano. Em março de 1921, retornou ao Brasil acompanhado por sua esposa. O casal teve dois filhos: David e Débora.    

Em 1922, o casal Berg seguiu para Vitória (ES) para estabelecer a AD naquela capital, permanecendo até 1924, quando foi para Santos fundar a AD no Estado de São Paulo. Em 1927, Berg e sua esposa se mudaram para a capital São Paulo, onde Daniel continuou fazendo o seu trabalho de evangelismo até 1930.



Depois de um período de descanso, seguiu para a obra missionária em Portugal, entre os anos 1932-1936, na cidade de Porto. Após passar pela Suécia, retornou ao Brasil, em 11 de maio de 1949. Permaneceu na cidade de Santo André (SP) até 1962, quando retornou definitivamente para a Suécia.Daniel Berg sempre foi muito humilde e simples. Em suas pregações e diálogos, sempre demonstrou essas virtudes. Ninguém o via irritado ou desanimado. Sempre que surgia algum problema, estas eram suas palavras: "Jesus é bom. Glória a Jesus! Aleluia! Jesus é muito bom. Ele salva, batiza no Espírito Santo e cura os enfermos. Ele faz tudo por nós. Glória a Jesus, Aleluia!". 

No Jubileu de Ouro das Assembleias de Deus no Brasil, comemorado em junho de 1961, em Belém do Pará, Berg estava lá, inalterado, enquanto os irmãos faziam referência a sua atuação no início da obra. Para ele, a glória era única e exclusivamente para Jesus. Berg considerava apenas um instrumento de Deus.

Por essa mesma época, nas comemorações do Jubileu no Rio de Janeiro, no Maracanãzinho, quando o pastor Paulo Leivas Macalão colocou em sua lapela uma medalha de ouro, Berg externou visivelmente em seu rosto a idéia de que não merecia tal honraria.


Até 1960, Berg recebeu, diretamente de Deus, a cura de suas enfermidades mediante a oração da fé. Mas, a respeito de suas condições de vida nos seus anos finais, pode-se inferir que não tinha o amparo que merecia. A esse respeito, o pioneiro Adrião Nobre protestou na revista A Seara, edição de novembro-dezembro de 1957, página 32: "O irmão Berg reside em São Paulo (cidade de Santo André). Não sei como ele vive ultimamente; tive, contudo, notícias desagradáveis com relação à sua condição de vida - não tem, segundo soube, o descanso que merece, nem o conforto que lhe devemos proporcionar. Irmãos, não sejamos injustos, lembremo-nos de auxiliar o tão amado pioneiro da obra pentecostal no Brasil". 

Em 1963, foi hospitalizado na Suécia. Mesmo assim, ainda trabalhava para o Senhor. Ele saía da enfermaria para distribuir folhetos e orar pelos que se decidiam. A disciplina interna do hospital não lhe permitia fazer esse trabalho, por isso uma enfermeira foi designada para impor-lhe a proibição. Porém, ao deparar-se com o homem de Deus alquebrado pelo peso dos anos, mas vigoroso em seu trabalho espiritual, não teve coragem e desistiu da tarefa. Berg, então, continuou a oferecer literaturas aos pacientes daquele hospital.

Finalmente, em 27 de maio de 1963, aos 79 anos, Daniel Berg morreu. Sua esposa, Sara Berg, faleceu em 11 de abril de 1981.

ANEXOS: 

                       Daniel Berg aos 17 anos de idade, na Suécia

                                   Sara Berg, esposa do Missionário Daniel Berg

               Foto de Daniel Berg, tirada antes dele viajar ao Brasil, com Gunnar Vingren

O casal de missionários Daniel e Sara Berg, com a filha Débora.



Ficha Consular de Daniel Berg



Daniel Berg e Sara, sua esposa

5 comentários:

  1. Meu Deus que história inspiradora. Deus seja louvado pela vida e exemplo que nosso querido deixou.

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  2. Nos deixaram um legado muito lindo!

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  3. Pelo pouco que eu sei dele , eu vejo que ele foi um homem íntegro, bondoso e sofredor . Levou o evangelismo as pessoas mais carentes , o passado de Daniel berg e um exemplo que devemos seguir. Não é como esse cristianismo nojento onde eles líderes se corromperam pela ganância fingindo ser humildes apenas pra beneficiar eles próprios, realmente esse é o pior século em que o evangelho está exposto. Com certeza Daniel berg ! O senhor está na glória de deus .

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  4. Deixou um legado de honestidade e paixão pela obra de Deus,nosso amado Daniel berg e sua amada esposa Sara, a história deles marcaram para sempre a nossas vidas

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  5. Infelizmente os líderes da Assembleia de Deus se perderam....

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