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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Pastor ANSELMO SILVESTRE

Evangelista, pastor e líder das Assembléias de Deus em Minas Gerais


 Um dos destaques da segunda geração de obreiros das Assembléias de Deus no Brasil, sem dúvida alguma, foi o saudoso pastor Anselmo Silvestre, o qual por cerca de 51 anos foi o presidente das Assembléias de Deus em Belo Horizonte e por longos anos exerceu com muito dinamismo, o honroso cargo de Presidente da COMADEMG (Convenção Estadual dos Ministros das Assembléias de Deus em Minas Gerais). 

Anselmo Silvestre nasceu no dia 1º junho de 1916, na cidade mineira de Sabinópolis, filho de uma simples camponesa chamada Zulmira. Em 1930, saiu de sua terra natal junto com outros amigos, rumo ao estado do Paraná. Após percorrer cerca de 300 km a pé, chegou em Belo Horizonte, onde seus companheiros de viagem resolveram seguir a viagem, porém ele resolveu permanecer em Belo Horizonte. 


Posteriormente, conheceu uma moça de nome Bernarda, com quem veio a se casar, no ano de 1938. Desse feliz matrimônio nasceram-lhe os filhos: Ruth, Jeremias, Noeme, Ezequias, Isaías, Oséias, Sulamita e Judite. Recém casado, sua esposa Bernarda Silvestre que estava desenganada pela medicina, por sofrer horrivelmente de epilepsia e tinha várias crises por noite, resolveu procurar ajuda no espiritismo, sendo acompanhada pelo marido. 


Um dia Anselmo encontrou com um velho conhecido chamado Sebastião Bertulino, o qual lhe falou do Evangelho e o convidou para assistir a um culto. Nesse culto, em meio ao barulho de "aleluias e glórias a Deus", sua esposa foi radicalmente curada, e o casal aceitou a Cristo como Salvador. Este fato aconteceu no mês de maio de 1939, em Belo Horizonte. Logo no início de sua fé, também experimentou a cura divina. Foi curado de pneumonia dupla, quando havia sido desenganado por três médicos, inclusive um especialista. 


Em dezembro de 1939 foi batizado nas águas pelo missionário sueco Algot Svensson, tendo já recebido o batismo com o Espírito Santo. Iniciou a carreira ministerial logo no dia seguinte ao seu batismo nas águas. Ele estava no antigo templo da AD em Belo Horizonte, no bairro Carlos Prates, para participar da ceia do Senhor pela primeira vez, quando o pastor perguntou-lhe: - “o senhor como se chama?” – alguém que se encontrava ao seu lado respondeu: “Anselmo Silvestre”. Logo o missionário Algot perguntou se ele aceitava o cargo de porteiro. Imediatamente Anselmo aceitou o cargo e passou a cooperar no trabalho do Senhor.


Num determinado dia de 1940, recebeu com agradável surpresa a notícia de que ia ser separado para servir como diácono. Naquela época a AD em Belo Horizonte possuía cerca de trezentos membros em toda a capital, e era grande a carência de obreiros. Ainda como diácono já desenvolvia intenso trabalho na obra de Deus no interior do Estado, visitando, por designação do pastor Algot as igrejas nas cidades de: Corinto, Curvelo, Pirapora, Montes Claros e outras. Muitas vezes essas viagens eram custeadas pelo próprio biografado que nessa época era funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil. Quando estava para ser promovido na empresa e passaria a ganhar o salário de "três contos de réis", foi chamado para trabalhar de tempo integral na obra do Senhor.

Em 1942 foi separado para servir como presbítero, em 1945 foi consagrado à evangelista e em 1950 foi consagrado ao ministério de pastor. Atuou na direção das igrejas de Pirapora, Montes Claros, Corinto, Coronel Fabriciano, Nova Lima e também como auxiliar do missionário Algot Svenson em Belo Horizonte. 


Pastores Anselmo Silvestre e Geraldo de Freitas,
num batismo em Belo Horizonte
(meados da década de 1950)

Durante todos esses anos, o pastor Anselmo dedicou o melhor de sua vida em prol do engrandecimento da obra de Deus não só em Belo Horizonte, como também no interior do Estado de Minas Gerais e em todo o Brasil e exterior onde sua presença se fez necessária.


Pastor Anselmo sempre presente nos
 eventos do interior de Minas Gerais

No início do trabalho na região do Vale do Aço, por volta de 1949, ele visitou os irmãos na localidade de Brejaúba, município de Mesquita, quando por falta de condução para retornar a Coronel Fabriciano, permaneceu ali por vários dias.  Entusiasmado com a obra iniciante naquele lugar, ficou cooperando com os novos crentes, ensinando-lhes a cantar belos hinos e dando-lhes o alimento da Palavra de Deus. Seu hospedeiro foi o novo convertido João Fernandes da Silva (conhecido também como João Maria), o qual anos após, já consagrado ao ministério atuou como vice-presidente do campo de Coronel Fabriciano e Ipatinga. 


O pastor Anselmo Silvestre foi um braço forte ao lado do missionário Algot Svensson durante a construção do templo da Rua São Paulo nº 1341, no centro da capital mineira, que foi inaugurado em 13 de maio de 1956.


Em 1958 o missionário viajou com a família para a Suécia, para um período de descanso e tratamento da saúde. Estando na Suécia, foi chamado ao descanso eterno no dia 5 de junho de 1959. Anselmo Silvestre, sendo o vice-presidente, assumiu a direção da igreja interinamente. Ao ser feito a eleição para escolha do novo presidente, seu nome foi indicado e aprovado. Pastor Anselmo foi eleito presidente por unanimidade do ministério, embora considerasse que na época tivesse obreiros mais experientes que ele como os pastores José Alves Pimentel, Geraldo de Freitas e Geraldo Sales, que foram os primeiros consagrados em Minas Gerais.


Pastor Anselmo cantando num
culto ao ar livre

Ao assumir a presidência da AD em Belo Horizonte, havia na capital apenas mil e trezentos membros e seis congregações. Hoje a igreja na capital mineira cresceu extraordinariamente em todos os sentidos, seja na construção de inúmeros templos, seja nos milhares de conversões de almas e no número de obreiros que são consagrados a cada ano. Para se ter uma idéia do grande trabalho realizado pela igreja em Belo Horizonte, só no ano de 1997 foram batizados nas águas, no templo central, cerca de três mil e quinhentos novos crentes, os quais foram acrescidos ao rol de membros. Por volta de 2008 o trabalho contava com cerca de 650 congregações e 80.000 membros, somente na grande BH e um ministério com mais de 2900 obreiros. Um edifício de doze andares foi construído nos fundos do templo sede, para abrigar os vários departamentos da igreja, da convenção estadual e da Escola Bíblica Permanente Sião.  


Pastores Anselmo Silvestre e Philemon Rodrigues
(1º missionário enviado pela AD de Belo Horizonte)

Eleito presidente do campo de Belo Horizonte, o pastor Anselmo indicou para seu auxiliar direto o pastor Philemon Rodrigues da Silva. Em 1964, por iniciativa do pastor Anselmo, o pastor Philemon Rodrigues foi enviado à Bolívia, como o primeiro missionário da igreja de Belo Horizonte. Atualmente a igreja mantém missionários em diversos países. 


O pastor Anselmo Silvestre, ao longo de seu próspero ministério, revelou-se um grande líder evangélico no Brasil e no exterior. Por inúmeras vezes foi eleito para ocupar importantes cargos na CGADB e na CPAD. Na primeira, exerceu o cargo de tesoureiro por algumas vezes; e também segundo vice-presidente. Na segunda, por várias vezes foi eleito conselheiro ao lado de outros grandes líderes de nossa denominação.


Por ocupar importantes cargos, ele, em função das múltiplas atividades, realizou diversas viagens por todo o Brasil e pelo exterior, tendo visitado, entre outros, os seguintes países: Estados Unidos da América, Israel por várias vezes, Coréia do Sul, Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia. O último país que visitou foi a Ucrânia, onde a AD de Belo Horizonte mantém dois missionários.
      


O pastor Anselmo pastoreou uma igreja dinâmica que já por três vezes hospedou a assembleia geral (AGO) da CGADB - Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, sendo as convenções de 1957, 1981 e 1997. Na última realizada no Ginásio de Esportes do Mineirinho em Belo Horizonte, em janeiro de 1997 ele foi eleito primeiro vice-presidente da CGADB, cargo para o qual foi reeleito em cinco ocasiões. 


Em meio a tanta ocupação, o pastor Anselmo nunca deixou de atender aos convites das congregações de Belo Horizonte e de outras regiões do estado para congratular com os seus companheiros de ministério em seus aniversários, inaugurações de templos, congressos, e outros eventos importantes. Fazia isso movido pelo grande amor que tinha pela obra de Deus neste estado, no qual ele ajudou a desbravar ao lado de outros pioneiros.   


Sua esposa, a saudosa irmã Bernarda Silvestre foi uma grande auxiliar no seu ministério. Ela fundou na década de 1960 o Lar Betel, hoje (Associação Betel de Assistência Social), uma organização dedicada a abrigar meninas entre 2 e 9 anos de idade, em situação de abandono, risco social ou pessoal. Irmã Bernarda, que também integrava o Aleluias Coral, faleceu em 31 de dezembro de 1986.


Irmã Bernarda Silvestre,
 fundadora da ABAS

Ao longo de seu profícuo ministério, pastor Anselmo Silvestre trabalhou incansavelmente, dando exemplo de fidelidade na obra do Senhor. Um de seus maiores sonhos era construir o Centro de Convenções das Assembléias de Deus em Minas Gerais, com uma capacidade prevista para abrigar 25.000 pessoas assentadas. Sob a sua sábia administração a igreja adquiriu um prédio anexo ao templo sede, onde funcionava um mini-shopping, no qual após as devidas adaptações foram feitas diversas instalações para atender outras dependências da igreja, incluindo lojas da CPAD e Escola Bíblica Permanente Sião.


Último batismo realizado pelo
 pastor Anselmo na AD em Belo Horizonte

Gostaríamos de destacar que apesar de sua avançada idade, já na casa dos noventa anos de idade, ainda mantinha vigor de fazer inveja aos obreiros mais novos.  Sempre viajando para atender a obra do Senhor a nível nacional e internacional, destacou-se também pelo seu bom humor, que fez dele uma pessoa querida e amada por todos que o conheceram.


No dia 13 de dezembro de 2009, pastor Anselmo Silvestre, tomou a decisão de renunciar a presidência, tendo em vista a idade avançada e problemas de saúde. Em reunião ministerial dia 21 de dezembro, foi eleito o novo presidente da Igreja, o seu neto, Pastor Moisés Silvestre Leal, o qual atuava como pastor-dirigente do Templo Central e 3º Vice-presidente. 


Pastor Anselmo permaneceu como presidente de honra da Igreja e não perdia os cultos no templo central, onde sempre era lhe dado a oportunidade de fazer a leitura bíblica oficial, cantar seus hinos preferidos e despedir o povo com a bênção apostólica.


Após uma longa jornada de 73 anos de ministério, pastor Anselmo Silvestre foi levado pelo Senhor ao eterno descanso. Seu falecimento ocorreu no dia 30 de setembro de 2012, aos 96 anos de idade. Ele estava internado e teve uma parada cardíaca, daí ocorrendo o desenlace. O velório ocorrido no templo central da AD em Belo Horizonte, contou com a presença de autoridades civis, militares, pastores de diversos lugares de Minas e de outros estados do  Brasil. Na oportunidade, o Aleluias Coral e a Orquestra Vida, sob a regência do Tenente da PM Antônio Vicente Soares, numa última homenagem, apresentou uma miscelânea de hinos que pastor Anselmo gostava de cantar, entre os quais: “Tem que começar pelo altar, Canta meu Povo e Cidade Santa”.

Toda a família assembleiana sente a falta desse grande líder que soube honrar o seu ministério e o Nome de Jesus, deixando um grande legado.

Nosso louvor agrada a Deus, Sua glória vamos contemplar. Os louvores seguem para o céu, e desce fogo santo pelo altar.

Tem que começar pelo altar, tem que começar pelo altar. Fogo divino pode nosso Deus mandar, mas tem que começar pelo altar!”


ANEXOS:


Pastor Anselmo Silvestre e outros pastores
em visita a obra missionária na Bolívia 

  
Escola Bíblica de Obreiros em Belo Horizonte (Março de 1971)

Pastor Anselmo em seu gabinete pastoral
Templo Central das AD em Belo Horizonte - MG
Cantata de Natal na AD em Belo Horizonte
Nave do Templo Central
Anselmo Silvestre é considerado o
Patriarca das Assembléias de Deus em Minas Gerais 



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Pastor ORMÍDIO SIQUEIRA DAS NEVES

Pastor, pioneiro das Assembléias de Deus de Vitória (ES), Cachoeira do Raio e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. 


Pastor Ormídio Siqueira -
Apóstolo do Vale do Rio Doce
A nova geração de crentes por certo desconhece os nomes e os feitos dos grandes homens de Deus, que por Ele foram designados para árduas tarefas de pioneirismos e iniciação desta gigantesca Obra, sempre florescente, graças a atuação do Espírito Santo e à fidelidade daquela inolvidável plêiade de obreiros, legítimos homens de Deus. Um desses nomes é o do pastor Ormídio Siqueira das Neves, que foi um verdadeiro desbravador do Evangelho no Vale do Rio Doce.


Ormídio Siqueira nasceu em 17 de março de 1905, na cidade de Vitória (ES), filho de Faustino Siqueira das Neves e Eduarda Maria da Conceição. Converteu-se ao evangelho em 30 de dezembro de 1929, e 18 dias depois, recebeu o batismo no Espírito Santo. Recebeu a chamada de Deus para o ministério evangélico em 5 de dezembro de 1934.


João Pedro da Silva havia, em 22 de julho de 1932, fundado as Assembleias de Deus em Cachoeira do Raio, município de Aimorés, e de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, e as tornou ligadas à AD em Vitória (ES), onde era pastor. João Pedro não podia dar às igrejas de Governador Valadares e Cachoeira do Raio a assistência que elas necessitavam. Por essa razão, convidou Ormídio Siqueira, membro da AD em Vitória, para assumir o trabalho nas duas igrejas. A princípio, Ormídio Siqueira aceitou e, durante pouco mais de um mês, visitou e incentivou os novos convertidos a permanecerem firmes na fé. Porém, Ormídio Siqueira voltou a Vitória sem qualquer compromisso de regressar. 

Durante alguns anos, tanto a igreja de Governador Valadares como a de Cachoeira do Raio recebiam apenas visitas ocasionais de pastores ou evangelistas da igreja em Vitória. Em 17 de maio de 1934, o pastor João Pedro da Silva faleceu em Vitória. Ficaram, portanto, sem pastor as igrejas de Governador, Cachoeira e Vitória. Foi nessa ocasião que a igreja escolheu e separou para o pastorado das mencionadas igrejas Ormídio Siqueira. A ordenação de Ormídio a pastor aconteceu em 23 de maio de 1934.

No ano seguinte, em 8 de fevereiro de 1935, Ormídio Siqueira transferiu-se para Cachoeira do Raio, sem promessa de salário ou qualquer auxílio de ordem econômica. Ormídio e sua família passaram muitos dias sem almoçar ou jantar. Outros dias comiam alguns peixes que eles mesmos pescavam no pequeno rio que passava nos fundos da casa em que moravam. Ele fixou residência nas proximidades de Baixo Guandu, em Cachoeira do Raio, onde encontrou 70 crentes. 

Um fato importante serviu para as portas se abrirem ao progresso do evangelho na região. Em 15 de julho de 1935, seis meses após assumir a direção do campo, foi chamado às pressas à casa de uma família. Lá chegando, encontrou um dos filhos, Ephaim, de 10 anos de idade, quase morto, não se mexendo mais, nem mesmo com os olhos. Pastor Ormídio orou e a criança imediatamente ressuscitou, levantou-se e andou completamente curada. Indo a outro quarto, encontrou seu irmão mais velho, Joaquim, quase nas mesmas condições. Não se movia, não mais conversava. Orou por ele também. Foi igualmente curado. Ambas as crianças pediram comida. A mãe deles, Corina, teve medo de alimentá-los. A notícia desse fato correu célere. O povo viu que a mão de Deus estava estendida para salvar e curar.

O trabalho pioneiro de Ormídio Siqueira deu grande impulso e expansão à Assembléia de Deus de Governador Valadares e a todo o campo do Vale do Rio Doce. Pelos registros históricos pesquisados, ele teria cooperado em Vitória, além de nos anos de 1934 e 1935, também em 1944, entre o pastorado de Belarmino Pedro Ramos e Waldomiro Martins Ferreira.

Os primeiros auxiliares do pastor Ormídio, no campo do Vale do Rio Doce, foram: Francisco Miranda, José Agostinho Fabrício, João Firmino, Daniel Estêvão, João José Teixeira, Antônio José Teixeira, Leovegildo Cândido, Braz Odorico, Leonel Muniz, Oreste Muniz Filho, Joaquim Antônio Oliveira e Delourdes Fancisco Guimarães.

Pastor Ormídio Siqueira ao lado
do Miss. Algot Svenson e de Obreiros do Vale do Rio Doce
Em 1945, a sede do campo transferiu-se para Governador Valadares, a “Capital do Vale do Rio Doce”. Primeiro, um salão que comportava umas 40 pessoas, a princípio sob os cuidados do então diácono Oscar Guilherme. Depois, um salão maior na Rua Rio Grande do Sul, e finalmente um amplo terreno na Avenida Afonso Pena. Cerca de 3.000 pessoas assistiram a inauguração do templo, em 15 de julho de 1951.

A vida ministerial de Ormídio Siqueira foi cheia de manifestações sobrenaturais de Deus. Certa vez, quando ele realizava o batismo em águas de alguns novos convertidos, chegaram ao local dois homens armados para o açoitar e lhe fazer mal. De repente, surgiu, em sentido contrário, um outro homem, de grande estatura, e disse aos malfeitores: “Nada façais mal a este homem! Ele está fazendo um trabalho que Deus lhe mandou fazer. Se lhe fizerdes mal, haveis de vos ter comigo! E saiam daqui depressa...!” Nisso, ao preparar-se para o ato batismal, olhou para o local onde eles estavam e não viu a mais ninguém. Deu graças a Deus. Em outra ocasião, quando viajava por uma estrada, à beira de uma mata, dois homens estavam cortando a machado um grosso pau. Quando Ormídio ia passando, eles o jogaram para o seu lado. Naquele momento, viu quando um enorme braço susteve aquele pau e o desviou para que não caísse sobre ele. Ormídio compreendeu que o braço de Deus se manifestara para o guardar.

Pastor Ormídio Siqueira pregando num
evento da AD em Coronel Fabriciano (MG)
O pastor Ormídio Siqueira dedicou 34 anos de sua vida ao Senhor como pastor e ganhou milhares de almas para Jesus. No dia 02 de março de 1969 realizou o último batismo nas águas em Tumiritinga. Dia 20 de março, pregou pela última vez no templo sede em Governador Valadares, recitando o seguinte trecho bíblico: “Bom está, servo bom e fiel, sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Entra no gozo do teu Senhor”. No dia 23 do referido mês e ano, passou a descansar para sempre com o seu Senhor. Deixou viúva a irmã Margarida Libério Siqueira, filhos, genros, noras e netos.



Compareceram ao sepultamento do corpo do pastor Ormídio vários pastores e autoridades entre os quais: pastor Edvaldo Fernandes, da Igreja Presbiteriana; pastor Anselmo Silvestre, que presidiu o ato fúnebre e os pastores Oscar Guilherme, Ary Ferreira Coelho, missionário Philemon Rodrigues da Silva, vindos de Belo Horizonte; Geraldo Sales e Salatiel Fidélis de Souza, de Caratinga; Durval Santos, missionário Bernhard Snegrove, pastor Waldomiro Martins Ferreira, presidente das AD em Vitória (ES) e inúmeros obreiros do Vale do Rio Doce. Estima-se que cinco mil pessoas compareceram ao sepultamento.
Que a nova geração não se esqueça dos que primeiro lutaram. Eles já foram mas o seu exemplo fica, até que Cristo volte.

Fonte: Dicionário do Movimento Pentecostal

ANEXOS:


                               Pastor Ormídio Siqueira das Neves e família, em 1957


                          Obreiros do Vale do Rio Doce, reunidos no Templo-Sede da AD em
                                         Governador Valadares - MG (1957)



                                Pastor Ormídio Siqueira das Neves orando em um 
                                        culto ao ar-livre em Coronel Fabriciano

Antigo Templo-Sede das AD em Governador Valadares (MG)

Atual Templo Central das AD em Governador Valadares (MG)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Pastor JOSÉ ALVES PIMENTEL

Primeiro pastor consagrado na AD em Minas Gerais
Fundador da Assembléia de Deus do Vale do Aço
       



No início da Assembléia de Deus em Belo Horizonte, um jovem crente se destacou dos demais membros da igreja pelo seu entusiasmo na obra de evangelização. Deus o escolheu para a sua obra, e ele tornou-se um grande nome na galeria dos heróis da fé. Estamos falando do pioneiro das Assembléias de Deus na região no Vale do Aço, Pastor José Alves Pimentel, que por cerca de quarenta e seis anos trabalhou na senda do Evangelho.


Foto de 1928, quando José Alves Pimentel
ainda servia à Força Pública de Minas Gerais 
Nascido dia 14 de junho de 1910, na cidade de Alto do Rio Doce - MG, sendo os seus pais o casal José Alves Pimentel e Preciliana Portilho de Magalhães. Ainda jovem, mudou-se para a cidade de Belo Horizonte, onde entrou para as fileiras da Polícia Militar de Minas Gerais. O jovem soldado nunca tinha ouvido falar do Evangelho que salva e liberta o homem do pecado. 

No ano de 1928, vendo um de seus colegas de farda ler a Bíblia, interessou-se pela leitura da mesma. Convidado pelo colega, foi ao templo central da Assembléia de Deus em BH, na época situado na Rua Contagem, bairro Carlos Prates.  Ali, ouvindo a pregação da Palavra de Deus pelo missionário Clímaco Bueno Aza, aceitou a Cristo como o seu Salvador. Foi batizado nas águas pouco tempo depois. Em 1929, num certo dia, às 2:00 horas da madrugada, estando o biografado de sentinela na Secretaria de Segurança Pública, com o fuzil na mão, foi batizado com o Espírito Santo, dando início ao seu trabalho na obra do Senhor.


José Alves Pimentel contraiu matrimônio com a jovem Joaquina Gonçalves Pimentel, em 23 de maio de 1931, em Belo Horizonte. Desta união nasceram doze filhos: Eunice, Enoque, Ester, Sulamita, Perciliana, Joel, Jessé, Aser, Samuel, Lutero, Moisés e Marta. Entre esses, nove já são falecidos.

Em 31 de dezembro de 1932, na primeira convenção estadual realizada em Belo Horizonte, José Alves Pimentel foi consagrado ao ministério, por imposição de mãos do missionário sueco Nils Kastberg. O biografado foi o primeiro pastor da Assembléia de Deus consagrado no estado de Minas Gerais.
  
A princípio ficou cooperando na AD em Belo Horizonte, sob a liderança do pastor Nils Kastberg que logo depois o enviou para a cidade de Sete Lagoas. Posteriormente, já sob a liderança do pastor Algoot Svenson, foi enviado para abrir o trabalho da AD em Barbacena, onde permaneceu por dois anos. Voltou a Sete Lagoas, para dar continuidade no trabalho iniciado anteriomente. Ali, sofreu as mais duras perseguições, sendo apedrejado pelos fanáticos inimigos do Evangelho. Tais perseguições foram movidas pelo padre Vidigal, com o apoio do delegado de polícia local que proibiu o pastor Pimentel de pregar o Evangelho na cidade. O biografado insistiu na distribuição de literatura evangélica na cidade e o padre, furioso, prometeu fazê-lo comer os folhetos sob chicotadas. Certo dia, enquanto o pastor Pimentel fazia a distribuição de folhetos, o referido padre se aproximou e, segurando-o em plena rua, gritava palavras de ofensa ao biografado e ao Evangelho. Ao levantar o chicote para lhe açoitar o pastor Pimentel, providencialmente apareceu um homem de nome Quincas Norato, o qual se colocando entre a vítima e o agressor pediu ao padre que não fizesse aquilo com o pastor. Padre Vidigal baixou o chicote, retirou-se, andou alguns passos, voltou, porém novamente decidido a açoitar o pastor que permanecia quieto, calado, confiando no livramento do Senhor. Finalmente, por insistência de Quincas Norato, padre Vidigal desistiu de seu odioso intento.  
Posteriormente o biografado procurou o padre e lhe disse que nada tinha contra ele, pelo contrário, estava orando para que Jesus o abençoasse. Asperamente o padre respondeu:... "seu Jesus é um e o meu é outro, seu bandido!". Por fim, o padre afastou-se supondo que com aquele tom de voz ameaçador, Pimentel desistiria de pregar o Evangelho. O que aconteceu foi exatamente o contrário, pois com redobrado ânimo, e agora, já com a garantia do mesmo delegado de polícia, antes, perseguidor, o biografado continuou empregando todo o seu vigor na evangelização daquela cidade. Ao mudar-se para outra cidade, deixou o trabalho estabelecido e um bom número de crentes batizados nas águas.
O pastor José Alves Pimentel, além de ter cooperado no trabalho do Senhor em Belo Horizonte, onde esteve por três vezes, trabalhou em Sete Lagoas, Barbacena, Nova Era de onde também atendia o trabalho em João Monlevade e cidades adjacentes. Na cidade de Nova Era, também foi ameaçado de espancamento por pessoas enviadas pelo padre local. Em todos os lugares onde trabalhou o pastor José Alves Pimentel, Deus concedeu-lhe grandes vitórias, e hoje lá existem grandes igrejas, com milhares de  pessoas salvas por Jesus.

Pastor Pimentel comemora seu 64º aniversário junto
a esposa e os filhos Lutero e Moisés,
a filha Perciliana (Nenzita) e a neta Darlete

Sua filha Perciliana nos relata alguns fatos e experiências vividos por este servo de Deus que valem a pena registrar como  exemplo aos jovens obreiros que estão iniciando na carreira ministerial. O caminho trilhado por este valente homem de Deus, era cheio de espinhos. Duras provas, muita fome, dias e mais dias fora de casa e ameaças de morte. Esta era a rotina deste pioneiro, que apesar de tudo, tinha como alvo ganhar almas para Cristo, não importando os obstáculos à sua frente.
Certa vez o pastor José Alves Pimentel, ao voltar de uma viagem de muitos dias, chegou em casa tão abatido, magro e com a barba crescida, que os filhos não reconheceram. Então chamou o filho Enoque, e pediu-lhe que chamasse a mãe. A irmã Joaquina ao chegar reconheceu o marido, desfazendo a dúvida dos filhos sobre o suposto estranho. 
Em outra ocasião, quando ainda residia em Nova Era, ao regressar de outra viagem de longa duração, teve a triste notícia de que um de seus filhos havia falecido. 
Numa outra oportunidade, ainda residindo em Nova Era, enquanto viajava pregando a Palavra de Deus, sua família foi milagrosamente salva de uma grande enchente. A casa onde residiam foi totalmente inundada, mas pela providência divina a família havia saído pouco antes da inundação. Era uma época de muitas dificuldades, pois a pequena ajuda financeira que o pastor Pimentel recebia, vinha da igreja AD da Suécia, e mal dava para sustentar a sua família. Como o leitor pode observar, o trabalho das Assembléias de Deus foi marcado por grandes dificuldades. A igreja era constituída apenas por pessoas pobres e com pouca cultura, os obreiros trabalhavam exclusivamente pela fé. Mas também era visível o crescimento da igreja. 
Certo dia, um dos filhos pequenos do biografado, inocentemente colocou fogo próximo a sua casa. O fogo progrediu rápido, ameaçando alcançar a mata próxima à casa. Alguns homens, apavorados, gritaram a irmã Joaquina, tentando responsabilizá-la pela queimada. A irmã Joaquina chamou os filhos e oraram ao Senhor para resolver aquela situação. Deus prontamente atendeu a sua Serva, enviando uma grande chuva e apagou o incêndio. Foi um grande milagre.  
Em 1948, foi enviado pelo ministério de Belo Horizonte para organizar a igreja em Coronel Fabriciano, o que foi feito em 08 de julho de 1948, conforme consta do estatuto da igreja. Antes desta data porém, o pioneiro realizou diversos trabalhos de evangelismo e batismo nas águas em nossa região. Contudo, ainda não residia em Coronel Fabriciano. 
No ano de 1950, o pastor José Alves Pimentel mudou-se com a família pela primeira vez para Coronel Fabriciano. Veio substituir o pastor José Gonçalves de Oliveira, que havia sido transferido. Foi enviado depois para Raposos, onde permaneceu por dois anos e dois meses. Em 1959, com o falecimento do pastor Geraldo de Freitas, foi designado novamente para dirigir a igreja em Coronel Fabriciano, onde permaneceu até o dia de sua chamada a eternidade.
Com esforços gigantescos, muita fé e resignação, conseguiu com a ajuda de Deus, formar a maior Assembléia de Deus do interior mineiro, em número de membros, e construir um dos maiores templos evangélicos na época. Os pastores que estão hoje na direção do grande trabalho no Vale do Aço, bem como outros obreiros, foram seus discípulos. Eram homens simples, criados na dura lida da zona rural, mas ao serem chamados pelo pastor José Alves Pimentel, deixavam tudo e seguiam as pisadas do mestre, na obra do Senhor. Seus principais auxiliares na construção desta grande obra, foram os pastores: Adalberto Paz Campos, Antônio Rosa da Silva, Adão Alves de Araújo, Abílio Gonçalves Dias, José Cândido Tavares, Raimundo Marcelino Gonçalves, Jandiro Cândido de Andrade, João Fernandes da Silva, José Pereira Santiago, Josias Pereira Santiago, José Pedro de Almeida, José Pereira da 
Silveira e diversos outros obreiros. 
Pastor Abílio Gonçalves, Antônio Rosa,
José Alves Pimentel e Adalberto Paz Campos

Em 1974, atendendo a um antigo desejo de seu coração, partiu em companhia dos pastores Antônio Rosa da Silva e Adão Alves de Araújo para a cidade de Alto do Rio Doce, sua terra natal, com o objetivo de estabelecer ali, o trabalho da Assembléia de Deus. Nos anos subsequentes, foram enviados diversos obreiros para trabalharem na obra de evangelização daquela grande região, que abrangia mais de vinte cidades, sob a supervisão do pastor Adão Alves de Araújo. 
No período de 10 à 13 de março de 1977, presidiu as festividades de inauguração do templo sede de Coronel Fabriciano, que contou com a participação de diversos pastores e autoridades, além de uma grande multidão de crentes oriundos de várias cidades mineiras. Em 14 de agosto de 1977, já bastante debilitado pela doença que o vitimou, compareceu na inauguração do templo na cidade de Ouro Branco, onde com muito entusiasmo pregou a Palavra de Deus.
A enfermidade que o vitimou foi longa e dolorosa. A igreja, porém, não descuidou de seu pastor. Por iniciativa conjunta do vice-presidente pastor Antônio Rosa da Silva e demais membros do ministério, a igreja colocou à disposição do enfermo toda assistência médica e cuidados que o seu estado de saúde carecia. Desde 1972, fez diversos tratamentos em vários hospitais e casas de saúde da região, e também de Belo Horizonte, além de clínicas particulares em Taubaté - SP e Crato no Ceará.
Consagrou toda a sua existência à obra de Deus, vivendo em constante preocupação com o trabalho do Senhor, principalmente com a igreja que dirigia. Pessoa decidida, não gostava de deixar nada pendente. E foi com esta firme personalidade que praticou o último ato administrativo de sua vida. Sentindo a vida escoar-se de seu corpo abatido e como que revelado do momento de sua partida, chamou a beira de seu leito o pastor Antônio Rosa da Silva e transmitiu-lhe a presidência do campo de Coronel Fabriciano. Depois de haver transferido o cargo e feito algumas recomendações importantes, reuniu forças suficientes e escreveu uma carta à igreja e ao ministério comunicando a sua decisão.
Nesta carta, com data de 29 de março de 1977, exortou a igreja a continuar unida e firme na doutrina. E, como que gozando antecipadamente das delícias do descanso eterno, onde o Senhor "enxugará dos olhos toda lágrima", saudou a igreja com o Salmo 133 e o hino "Irmãos Amados" - ( 175 da H.C ).


Dia 14 de maio de 1978, seria realizado mais um grande batismo nas águas no templo sede em Coronel Fabriciano. Com a notícia de que o estado de saúde do pastor Pimentel havia piorado, o trabalho foi suspenso, mas o povo não foi embora, preferindo continuar esperando novas notícias. Mas, esse foi o dia que Deus escolheu para levar o seu servo para o descanso eterno. Neste dia, às 22:55 horas, entrou nas moradas eternas, para estar para sempre com o seu Senhor. No momento de sua partida, estava rodeado pela sua esposa irmã Joaquina, pastor Antônio Rosa da Silva, alguns filhos, o então presbítero José Pereira Santiago e sua esposa, irmã Maria de Lurdes Pereira, que cuidaram do referido pastor durante a sua enfermidade. A notícia do falecimento do pastor José Alves Pimentel, logo se espalhou, e no dia seguinte, o templo estava repleto para o culto fúnebre. A cerimônia fúnebre que foi presidida pelo pastor Anselmo Silvestre, contou com a presença de diversos pastores, autoridades e inúmeros irmãos em Cristo, além de familiares do veterano pastor. No cortejo, foi calculado a presença de cerca de cinco mil pessoas.


Podemos dizer com toda a certeza que o pastor José Alves Pimentel, pioneiro das Assembléias de Deus em terras mineiras, combateu o bom combate, acabou a carreira e guardou a fé. Não se ouvirá jamais o timbre agudo de sua voz, cantando o seu hino preferido, "Irmãos Amados", 175 da Harpa Cristã, porque descansa no repouso dos justos, aguardando a primeira ressurreição, quando receberá a coroa da justiça, reservada aos heróis da fé.

Pastor Antônio Rosa e outros obreiros, visitando
o túmulo do Pastor Pimentel

















                                                                    José Alves Pimentel, foi um grande líder das Assembleias de Deus no Brasil. Homem íntegro, de muito respeito, severo às vezes, mas era também um pastor que tinha um grande amor pelas suas ovelhas. Não era chegado ao luxo e as ostentações. Mas a simplicidade era a sua principal característica.
Parte da família do Pastor José Alves Pimentel,
logo após o seu falecimento
A mesma boca que às vezes gritava até mesmo no meio da rua: "está excluído!", também proferia: "coitadinho do irmão, vamos ajudá-lo". Sempre entusiasmado com a obra de Deus, quando algo  chamava-lhe a atenção, logo exclamava: " Êta ferramenta!". Assim era o nosso pioneiro: Simples, amoroso, mas também de pulso forte. Sem dúvida deixou um grande exemplo para todos nós. Anos depois, a sua viúva, irmã Joaquina Gonçalves Pimentel também foi chamada a estar com o Senhor, deixando os filhos, netos e bisnetos saudosos. Se permanecermos fiéis ao Senhor, certamente encontraremos na eternidade com Cristo, este valoroso casal de pioneiros. 

ANEXOS:


Dona Preciliana Portilho de Magalhães,
mãe do Pastor José Alves Pimentel

Inauguração do Templo da AD em João Monlevade (MG)

Pastor José Alves Pimentel comemora o seu aniversário
ao lado da esposa irmã Joaquina - (Junho de 1974)



Templo-Sede das AD em Coronel Fabriciano - MG

   

Templo Central das AD em Ipatinga - MG
Templo-Sede das AD Ministério de Timóteo - MG

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Os cinco primeiros pastores da Assembléia de Deus no Brasil

 Isidoro Saldanha de Oliveira

  Antes de a Assembléia de Deus haver completado dois anos, a falta de obreiros já era sentida em várias localidades onde igrejas e congregações se haviam estabelecido.
O primeiro crente das Assembléias de Deus no Brasil separado para o ministério pastoral foi Isidoro Filho. Foi ordenado pelo missionário Gunnar Vingren no princípio de 1912 para pastorear a igreja em Soure, na Ilha de Marajó (Pará).

Isidoro Saldanha de Oliveira, conhecido como Saldanha Filho ou “Caboclo”, nasceu em 29 de novembro de 1879, na Freguesia de Amarração, então província do Ceará. Por volta do ano de 1895, migrou com sua família para a cidade de Soure, na Ilha do Marajó, Província do Grão Pará, acompanhado de outros familiares.          Era reconhecidamente de personalidade forte. Isidoro Filho era alfabetizado, fez o curso de guarda-livros, posteriormente reconhecido pelo governo brasileiro como a profissão de contabilista. Em Soure, sobrevivia da pesca utilizando a técnica de captura de peixes em curral, nas praias do pesqueiro, e do mata-fome.
  Em 1903, aos 23 anos de idade, Isidoro Filho casou-se com Maria de Nazaréth Oliveira e tiveram 15 filhos, um deles, Jairo Saldanha de Oliveira, pastoreou de 1984 a 1993, a Assembléia de Deus de Imperatriz (MA).
Em junho de 1911, Isidoro Saldanha de Oliveira e sua família tiveram a grande oportunidade de conhecer o evangelho em Soure, por intermédio do missionário Daniel Berg. Isidoro Filho logo se tornou um pregador eloqüente e desbravador do evangelho. Em razão do milagre da salvação e por ser uma pessoa alfabetizada, detendo um nível de instrução acima da média das pessoas de seu tempo, logo se envolveu no trabalho evangelístico, propagando as Boas Novas.
  Em 1912, aos 33 anos, foi consagrado como primeiro pastor da recém-fundada Assembléia de Deus no Brasil. Gunnar Vingren escreveu, no livro Diário do Pioneiro, pág. 52, que, no princípio de de 1912, a igreja em Belém (PA) consagrou Isidoro Filho a pastor, o qual foi colocado na direção da AD de Soure, para cuidar do novel rebanho. Depois de 1916 a 1922, ele pastoreou a AD em Capanema (PA).
Em 1941, Isidoro Filho, após alguns anos de afastamento, por motivos pessoais, retornou suas atividades na obra de Deus, servindo, então, como auxiliar do trabalho da Assembléia de Deus de Soure, que funcionava na 3ª Rua. 
       Em 1945, Isidoro foi acometido por um derrame que o manteve deitado em uma rede por aproximadamente dois anos, sendo embalado quase que exclusivamente pela esposa. Em novembro de 1947, com 68 anos de idade, Isidoro Saldanha de Oliveira faleceu.

Absalão Piano

       O segundo pastor foi Absalão Piano, ordenado também por Gunnar Vingren no princípio de 1913, em Rio Preto, Tajapuru do Norte.
       Absalão nasceu em 31 de outubro de 1877, em Araúna (PB). Não há registro histórico sobre quando se mudou para o Pará e a data de sua conversão a Cristo. Ficou registrado, porém, que, em 1910, ao chegarem ao rio Tajapuru, no arquipélago Marajoara, os missionários pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg encotraram Absalão Piano, membro da Igreja Presbiteriana, quando então ele aceitou a doutrina pentecostal.
       Havendo comprovado a sua chamada para exercer o ministério pastoral, Absalão Piano foi ordenado, em 03 de outubro de 1913, aos 35 anos, tornando-se o segundo pastor a ser ordenado pelas Assembléias de Deus.
       Após um longo ministério pastoral nas Assembléias de Deus de Tajapurum, Viseu, Bragança, São Luiz (Estrada de Ferro de Bragança) e Tapiaí, todas no Estado do Pará, Absalão Piano foi jubilado em 1959, passando a residir em Belém (PA).
        Ficou conhecido por sua vida pastoral caracterizada pela humildade e resignação, sempre alegre e satisfeito com a igreja e com as condições de vida que a mesma lhe proporcionava. Jamais reclamou de nada. Faleceu em 02 de junho de 1963, aos 85 anos de idade na cidade de Belém. 


Crispiniano Fernandes de Melo

        
       O terceiro pastor ordenado pela Assembléia de Deus no Brasil foi, Crispiniano Fernandes de Melo, que serviu nas Ilhas paraenses. 
  Nasceu em agosto de 1885, era proprietário de Jupatí, uma vila do município de Afuá, no arquipélago da Ilha de Marajó, no Pará, e casado com Júlia Braz de Melo.                Quando os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren visitaram Jupati, ele se converteu, num sábado de maio de 1912, e após sua conversão, pregou para seus funcionários e todos aceitaram a Jesus. Desta maneira, em 1914, foi fundada a AD de Jupatí, a segunda igreja das Assembléias de Deus. Gunnar Vingren escreveu que ele trabalhava com borracha e viajou diversas vezes para um rio para testificar de Jesus.           Depois de um determinado tempo, havia  ali um grupo de uns sessenta crentes que Crispiniano mesmo batizou nas águas (provavelmente, esse local seria Jupatí). Foi sustentado pela AD de Belém (PA).
  Crispiniano também atuou na evangelização de Macapá, capital do Amapá.
Em 1974, aos 89 anos, ele se achava vivendo com sua esposa em Porto Santana (AP), amparado pelo pastor da AD local, Serafim Pires de Souza (irmão Souzinha), e pelo pastor de Macapá, Otoniel Alves de Alencar.


Pedro Trajano Pinheiro


       Trajano converteu-se ao evangelho na Igreja Presbiteriana Independente. Sobre a sua conversão, o pastor José Paulino Estumano de Morais, também crente presbiteriano na época, escreveu, no Mensageiro da Paz de maio de 1939:
Eu o conheci, desde 1907, na Estrada de Ferro. Nesse tempo, ele ainda não era crente, mas era um homem sincero e, por isso, quando ouviu a mensagem do evangelho, logo a aceitou, revelando-se, desde então, um verdadeiro servo de Deus.
Entre as boas qualidades que ele revelava, como cristão, destacava-se a humildade. Residiu, por muitos anos, em São Luiz E. F. B. e, nesse lugar, era como uma verdadeira testemunha de Jesus, sempre falando do seu evangelho e ganhando almas para o seu Reino.
  Pelos idos de 1912-1913, segundo escreveu Gunnar Vingren, no Diário do Pioneiro, Trajano ouviu falar do trabalho da Assembléia de Deus de Belém. Então resolveu visitar esta igreja, para ver e conhecer o que estava acontecendo. Ao ouvir os relatos do que Deus estava fazendo entre os crentes assembleianos, ele convenceu-se de que o Espírito Santo era uma realidade viva e atuante entre os pentecostais e voltou para contar aos crentes da sua igreja o que vira. Eles começaram então a buscar a Deus, e pouco tempo depois, em maio de 1913, Jesus batizou a primeira pessoa no Espírito Santo. Depois outros foram batizados. Este foi o princípio de todas as igrejas Assembléias de Deus naquela região.
  José Estumano de Morais, juntamente com um pastor e outro crente, procurou afastar Trajano da “nova idéia”, como diziam os presbiterianos. Ele respondeu com tanta firmeza acerca do que havia recebido de Deus, que deixou em confusão os seus amigos e continuou firme em sua caminhada na igreja pentecostal. Pouco tempo depois, em 1914, foi consagrado pastor, o quarto a receber a ordenação nas Assembléias de Deus no Brasil.  
  Por muitos anos, trabalhou em quase toda a Estrada de Ferro Belém-Bragança e colônias, havendo ganhado centenas de pessoas para Cristo. Gunnar Vingren também escreveu que Deus o dirigira a se mudar com a sua família da zona da borracha para outro lugar, chamado São Luiz, situado à beira da estrada de ferro, entre Belém e Bragança, que tinha uma extensão de 400 quilômetros. Ali havia alguns crentes de outras denominações não-pentecostais.  
Trajano tomou parte nas ordenações de vários obreiros, entre eles, José Paulino Estumano de Morais, que também se tornou pentecostal. Nunca temeu diante das dificuldades para servir a Deus e aos crentes, tanto na capital, Belém, como no interior, onde, muitas vezes, debaixo de chuvas torrenciais, ele viajou para atender as necessidades das igrejas.
  De 1915 a 1917, ele trabalhou como pastor auxiliar na AD de Belém, no pastorado do missionário Gunnar Vingren.
  Em 1918, ele foi para o interior do Estado da Paraíba. Em 1920, ele achava-se trabalhando novamente no Pará. Ele dirigiu, em 12 de julho de 1920, na casa de Joaquim Amaro, o culto que daria origem à AD de Bonito. O batismo dos primeiros convertidos também foi efetuado pelo pastor Trajano, em uma das visitas que este fez à pequena congregação.
  No ano seguinte, 1921, ele fez parte da primeira Convenção Regional das Assembléias de Deus paraenses, realizada na AD de Vila São Luiz, pastoreada por João Pereira de Queiroz.
  Atuou também nos Estados do Espírito Santo e São Paulo. Depois regressou novamente ao Pará e continuou a trabalhar nas zonas bragantinas. Dali em 1930, foi chamado para ser pastor auxiliar de Nels Nelson, na AD de Belém, permanecendo nesta função até a sua morte em 1939.


Adriano Nobre de Almeida

        O quinto obreiro, ordenado ao ministério pastoral em Belém, foi Adriano Nobre de Almeida, quando já se haviam passado cinco anos desde a fundação da Assembléia de Deus.
Nobre fora um crente presbiteriano, filho de seringalistas paraenses, nascido em Pacatuba (CE) em 1883. Era comandante de navio da Companhia Port Of Pará. Por falar inglês, ele serviu como intérprete para Gunnar Vingren e Daniel Berg quando chegaram a Belém (PA) em novembro de 1910, apresentado aos recém-chegados por seu primo Raimundo Nobre, então evangelista da Igreja Batista de Belém. Foi Adriano Nobre quem também ministrou aos pioneiros as primeiras lições de língua portuguesa, tendo se tornado depois um obreiro valoroso a serviço do Movimento Pentecostal. Ele levou Vingren e Berg para passarem alguns meses nas ilhas, num local chamado Boca do Ipixuna, no rio Tajapuru, ficando hospedados no quarto de Adrião Nobre, irmão de Adriano. Quando Frida Vingren chegou em 1917, ele também foi seu professor de português. 
        Foi consagrado pastor em 1916 por Vingren. Quando Vingren fez a sua primeira viagem à Suécia entre 1915 e 1917, Nobre ficou dois anos como pastor da igreja de Belém. O nascimento da Assembléia de Deus em três Estados brasileiros recebeu a contribuição do trabalho evangelístico de Adriano Nobre. 
        Por volta de 1914-1915 ele foi enviado pela igreja de Belém ao sertão do Ceará para dar prosseguimento ao trabalho iniciado por Maria Nazaré na Serra de Uruburetama. 
        Em 1916, ele também foi enviado a Recife (PE) pela igreja de Belém a fim de estabelecer os primeiros trabalhos pentecostais permanecendo ali até 1918. Em Natal (RN), quando os primeiros crentes desejaram ser batizados em águas, o obreiro enviado pela igreja de Belém para realizar o batismo no rio Potengi foi Adriano Nobre. Ele permaneceu naquela nascente igreja entre os anos de 1918 e 1919.
       Editou a primeira edição da Harpa Cristã publicada em 1922 em Recife (PE), que passou a ser o hinário oficial das Assembléias de Deus. Na atual Harpa Cristã seu nome consta como autor da versão de cinco hinos: (2, 3, 10 e 413).
       Na edição de dezembro de 1923, do jornal Boa Semente, na página 4, há um aviso para se solicitar exemplares da Harpa Cristã ao pastor Adriano Nobre que se achava em Nova Cruz, no Rio Grande do Norte.
       Quando em 1924 os primeiros crentes pentecostais do Rio de Janeiro se reuniram para organizar a Assembléia de Deus na sua capital, convidaram Adriano Nobre para o pastorado da igreja, mas ele não aceitou.
       Em seu intenso trabalho evangelístico, Nobre sofreu duras perseguições e privações.
      Celina, filha de Nobre, foi esposa do falecido pastor Antônio Augusto Rocha e mãe do pastor Davi Nobre Rocha, respectivamente antigo e atual pastores da AD de Rio Comprido (RJ).
      Faleceu em 1938, no Rio de Janeiro, aos 55 anos, vítima de tuberculose.  

Fonte: Dicionário do Movimento Pentecostal (CPAD)