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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Missionário OTTO NELSON

Missionário sueco, evangelista, pastor, antigo líder da Assembleia de Deus em Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro, e ex-presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil.                                                                                      Nasceu na Suécia, em uma casa de campo da zona sul do país, em Pjätteeryds, distrito de Kronobergs, em 11 de agosto de 1891. Seu pai, Nils Gustavsson, morreu quando Otto tinha dois anos de idade. Quando tinha mais ou menos 18 anos, em 1910, imigrou para os Estados Unidos por razões de trabalho. Passou pela Inglaterra, e depois chegou a Boston. Lá, decidiu-se para Cristo e recebeu o batismo no Espírito Santo. Conheceu a sueca Adina Petterson, que imigrara para os EUA em 1907 e ali recebera o batismo no Espírito Santo. Eles se casaram em 1912. Tendo frequentado uma igreja pentecostal em Chicago e orientado por Deus, o casal partiu para o Brasil em 10 de outubro de 1914, chegando no Pará, em 25 de outubro daquele ano. Começou seu trabalho de evangelização em Belém do Pará. Em seguida, trabalhou nas Assembleias de Deus nos Estados de Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro. 

Nelson chegou com a família em Maceió, no dia 21 de agosto de 1915, a bordo de um navio do Lloyde Brasileiro. Quando chegou, havia apenas seis pessoas que tinham recebido a mensagem pentecostal na cidade. No dia 25 de agosto, quatro dias após sua chegada, reuniu-se com aqueles crentes para o culto, ocasião em que três deles foram batizados no Espírito Santo. Porém, da mesma forma como bem cedo começaram a se manifestar as bênçãos de Deus entre o pequeno grupo, as perseguições e ameaças também começaram. Satanás mobilizou todas as artimanhas para desencorajar o povo de Deus em Maceió. Porém, quando verificou que as ameaças não atemorizavam, enviou falsos profetas com mensagens desanimadoras. Quando o povo estava reunido para adorar a Deus, os falsos profetas, do lado de fora, gritavam: "Não vai, não vai, isso não vai". Queriam dizer que o trabalho ali não iria prosperar.

Durante alguns anos, ninguém queria se aproximar dos crentes. Muitos os evitavam. Enquanto isso, os crentes se aproximavam de todos e, com graça e amor, semeavam as Boas Novas.

Em 22 de outubro de 1922, Otto Nelson inaugurou o terceiro templo da AD no Brasil e o maior da denominação, na época. Sua inauguração repercutiu em todo o Nordeste e atraiu para Maceió crentes de vários Estados.

De 21 a 28 de outubro de 1923, Nelson realizou a primeira Convenção da AD em Alagoas, com a presença de irmãos e líderes de todo o país. Por esse tempo, morreu um dos filhos do missionário, que naquela época residia no bairro de Bebedouro, em Maceió. Na hora de realizarem o enterro, foram surpreendidos com a informação de que o sacerdote católico não permitia que a criança fosse sepultada no cemitério local. Além de se opor ao enterro, levantou a população contra os pregadores do evangelho. Foi necessária a intervenção das autoridades para que o enterro fosse realizado. E isso só pôde acontecer à noite, sob escolta policial, pois de outra forma não poderiam enterrar o menino.

Em 1924, quando toda a capital alagoana foi castigada por uma tremenda inundação que arrasou e arrastou, na correnteza, casas, pessoas, animais e móveis, Otto Nelson abriu suas portas para abrigar os crentes que perderam suas casas.

Em maio de 1930, Otto Nelson entregou o pastorado da igreja ao missionário Algot Svenson e viajou para a Bahia. Lá, o trabalho também foi muito difícil. Seis meses de esforços foram necessários para realizar o primeiro batismo, com apenas quatro pessoas. "Aqui em Salvador ainda não podemos dar novas de grande progresso do trabalho, mas temos semeado a boa semente, e a temos regado com as nossas orações", escreveu o missionário Nelson. Tempos depois, tudo se modificou, de forma que os batismos se sucederam e a igreja cresceu.

Otto Nelson não cuidava só do trabalho na capital. Sua visão alcançava o interior do Estado. Em duas semanas em Valente, no município de Coité, mais de 20 pessoas aceitaram a Cristo. Treze pessoas foram batizadas nas águas e foi aberta ali uma congregação.

Nesse período, foi convidado pelos crentes de Aracaju para oficializar a Assembleia de Deus sergipana, que ainda estava sendo formada. Em 18 de fevereiro de 1932, Otto Nelson chegou a Sergipe, inaugurou e oficializou a nova igreja, que ficou filiada à AD de Salvador até 1949, quando ganhou autonomia, batizou seis novos convertidos (a igreja ali só tinha 11 crentes na época) e celebrou a primeira Ceia do Senhor no Estado.

Durante seis anos, o missionário serviu à igreja baiana, a princípio na capital, e depois em todo o Estado. Em 1936, a igreja já estava em condições de promover sua primeira convenção estadual. Esse fato foi muito significativo e atestou o progresso do evangelho na Bahia. Nos dias 27 de abril a 3 de maio de 1936, a igreja em Salvador hospedou a primeira convenção da AD na Bahia, que também foi muito concorrida. Na ocasião, Otto Nelson deixou o pastorado da igreja para viajar à Suécia. Assumiu seu lugar o pastor Aldor Pettersson.

Nelson foi o presidente da sexta Convenção Geral das Assembleias de Deus, realizada em 1935, na Paraíba.

Em 1938, Otto Nelson viajou para Flores, em Buenos Aires, capital argentina, onde assumiu uma igreja. Em 18 de setembro de 1945, assumiu o pastorado da AD de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, sendo substituído em 1947, pelo missionário Nels Nelson. Tempos depois, foi a Montevidéu (Uruguai), dar continuidade à obra de Deus ali, Foi neste último país que dedicou boa parte de seu labor no fim de sua carreira missionária.

Na Harpa Cristã, consta de sua autoria o hino 127 e sua versão dos hinos 21, 94, 344, 419 e 424.

Ao retornar à Suécia, apesar de sua avançada idade, gozava de perfeita saúde e, em pleno vigor, continuava a pregar a Palavra de Deus, viajando por todo o país. Otto Nelson faleceu em 5 de dezembro de 1982, aos 91 anos. Otto e Adina tiveram três filhas: Lydia, Ester e Ruth, que se tornou esposa do jovem missionário Herbert Nordlund.


ANEXOS:

           Antigo templo-sede da Assembleia de Deus em Maceió - AL

                             Missionário Otto Nelson e sua família



Casal de Missionários Otto Nelson e Adina Nelson e 
o Pastor Sodrônio Castanha da AD em Alagoas

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Irmã Wanda Freire da Costa, descansa no Senhor

É com muito pesar comunicamos o falecimento da irmã Wanda Freire da Costa, esposa do pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente das Assembleias de Deus Ministério do Belém (São Paulo), presidente de honra da CGADB e presidente do Conselho Administrativo da CPAD. O desenlace ocorreu ontem (05/06), após a irmã permanecer muitos dias hospitalizada. As orações em seu favor foram constantes, mas em Sua soberania, o Senhor resolveu levar sua serva para o eterno descanso. O sepultamento está previsto para as 17 horas de hoje, em São Paulo.

Professora, assistente social, esposa do pastor José Wellington Bezerra da Costa (líder da CGADB), fundadora e presidente da União Nacional das Esposas dos Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (UNEMAD), a irmã Wanda Freire Costa deixou um exemplo de dedicação à obra de Deus.

Ela nasceu em 22 de setembro de 1934, em Fortaleza (CE); e em 14 de janeiro de 1953, casou-se com José Wellington, ambos com 19 anos de idade.

Dessa união nasceram os filhos: José Wellington Costa Júnior, Paulo, Samuel, Joel, Marta e Rute Freire da Costa. Todos os filhos são pastores, Marta é deputada estadual em São Paulo e Rute, psicóloga e vereadora.

Após o nascimento do primeiro filho, o casal se transferiu para São Paulo, onde seu marido assumiria posteriormente a liderança do Ministério do Belém, considerado o maior ministério das Assembleias de Deus no Brasil.

Exercendo o trabalho de auxiliadora do ministério do pastor José Wellington, irmã Wanda passou a liderar o Departamento Feminino da AD em São Paulo e o Círculo de Oração, e a presidir a Associação Beneficente e Promocional Belém, atividades que exerce com alegria até hoje. Por 30 anos, ela foi a presidente da UNEMAD - União Nacional das Esposas de Ministros das Assembleias de Deus, um órgão da CGADB.

Na oportunidade, apresentamos aqui as condolências do pastor presidente de honra do Ministério de Coronel Fabriciano e Ipatinga (MG), Pr. Antônio Rosa da Silva e de todo nosso Ministério, presidido pelo pastor José Martins de Calais Júnior. Que o Senhor nosso Deus, possa levar o tão necessário conforto ao querido pastor José Wellington Bezerra da Costa e à todos os filhos, noras, genros, netos, bisnetos e demais familiares e a igreja em São Paulo.


ANEXOS:






                 Família Bezerra da Costa na década de 1960: Samuel, 
      Marta, Wanda, José Wellington (com Rute no colo) Paulo e Joel.











quinta-feira, 18 de abril de 2019

PASTOR E CANTOR SACRO MATEUS IENSEN DESCANSA COM CRISTO


Recebemos a triste notícia da partida para a eternidade do conhecido cantor sacro, pastor Mateus Iensen, um dos ícones da música evangélica brasileira.
Ele estava internado há 23 dias na UTI em decorrência de complicações na saúde, mas hoje (18-03), o Senhor o recolheu para Si.

Na história da evangelização mundial, vemos os nomes de vários evangelistas que abalaram o mundo e alcançaram milhões de pessoas com a Palavra de Deus, entre os quais, John Wesley, Dwght L. Moody, Billy Graham, Daniel Berg, Bernhard Johnson e tantos outros. No Brasil, é necessário que se coloque entre os principais evangelistas, o nome de Matheus Iensen, que através de seus programas radiofônicos influenciou toda uma geração. Foi um dos primeiros cantores da música evangélica brasileira e proprietário das rádios Marumby e Novas de paz e da gravadora e editora Estrela da Manhã, em Curitiba (PR).

Mateus Iensen, nasceu no dia 7 de janeiro de 1937, na cidade de Imbituva (PR), era filho do casal Antônio Marcos Iensen e Inocência Iensen. De origem humilde do interior do Paraná, sua infância foi de muito trabalho e sacrifício. Desde pequeno ajudava o pai nas tarefas mais difíceis, tanto na lavoura, cuidando dos animais, e apesar de ainda novinho, mas sempre disposto em ajudar no que fosse necessário.

Um dos tristes fatos ocorridos nessa época, foi um incêndio ocorrido na casa de seus pais, na região de Três Vendas, em Faxinal. A casa foi totalmente danificada pela ação do fogo, mas a família foi salva.

Ainda adolescente, toda sua família converteu-se ao evangelho, na AD no bairro dos Elói, em Faxinal. No ano de 1949, Matheus Iensen, foi batizado nas águas pelo pastor Ernesto Martinson, então líder da igreja em Faxinal. Pouco tempo antes, porém, numa noite em casa, junto ao pai e irmãos (sua mãe e irmãs havia ido à igreja), Matheus foi batizado com o Espírito Santo.

Como jovem na igreja, procurou ser exemplar, dedicando-se no trabalho do Senhor, cantando no coral da igreja, regido na época pelo maestro Antônio Verediano. Nessa época conheceu a filha de um fazendeiro de nome João Vieira Falavinha, dono de um grande cafezal, mas que também desenvolvia a criação de gado. João Falavinha e sua esposa Aracy Martins Vieira Falavinha, eram pais de oito filhos, e entre eles Mercedes, a moça que atraiu a atenção do jovem Matheus. 


Depois de um período de namoro, os dois jovens se casaram no dia 31 de março de 1956, na fazenda da família, denominada "Seio de Abraão". A cerimônia realizada numa bela tarde, foi celebrada pelo pastor João Pereira de Andrade e Silva. Dessa união nasceram os filhos: Abigail (falecida), João, Daniel, Heliel (falecido), Carlos (falecido), Paulo e Vanderlei (também de saudosa memória). A família foi acrescida com a chegada das noras, vários netos e bisnetos. 

O ministério de louvor do cantor Matheus Iensen, teve início quando ainda na cidade de Faxinal, ele comprou um acordeon de 48 baixos, e começou a cantar junto com a sua esposa Mercedes. Pouco depois a cunhada Raquel Falavinha, juntou-se ao casal. Esses irmãos cantavam lindos hinos ao Senhor e eram sempre convidados para as festividades das igrejas no interior paranaense, de forma que com pouco tempo a agenda de compromissos estava cheia. Tal era a aceitação. Posteriormente, os outros cunhados Enéias e José Falavinha também foram convidados a se juntarem ao grupo e daí surgiram as primeiras gravações.

Os dois primeiro compactos era formado com as irmãs Mercedes e Raquel Falavinha, tendo o acompanhamento instrumental de: pastor Antônio de Castro (bandolim), Enoque Falavinha (violão), maestro Antônio Verediano (violão) e Matheus Iensen (acordeon). O estúdio improvisado foi num salão nos fundos do templo da AD em Apucarana (PR). Mesmo tendo um problema técnico na gravação e que foi corrigido no momento oportuno, a aceitação do público foi grande.  



Em 1964, Matheus Iensen ingressou na Rádio Difusora de Apucarana (PR) com o programa Musical Evangélico, iniciando então sua carreira como radialista. Era dado destaque à cânticos e pregações. Eram apresentados cânticos ao vivo cantados por ele juntamente com as Irmãs Falavinha.

Cumprindo o plano de Deus para sua vida, Matheus Iensen, mudou-se para Curitiba em 19 de janeiro de 1966. Inicialmente morou numa simples casa que alugara e que posteriormente comprou. Ainda nesse mesmo ano, ingressou na rádio Marumby com um programa diário que logo conquistou notável audiência e grande quantidade de cartas enviadas ao programa. Em cada programa, irmãos de vários lugares aglomeravam-se em torno do estúdio para ver de perto o apresentador, que a todos conquistava com a sua humildade e simpatia.

Faltando ainda seis meses para vencer seu contrato com a rádio Marumby, seu horário foi vendido para outra pessoa por um valor consideravelmente maior, o que deixou-o no ar por apenas mais uma semana. Humilhado, teve que deixar a Rádio Marumby. Dez anos mais tarde ele comprara a emissora, mesmo assim manteve seu programa na Rádio Universo de Curitiba até comprar a onda curta da rádio Diário da Manhã de Florianópolis que mais tarde veio à se chamar também como rádio Marumby alcançando grande destaque nacional e internacional.

O programa "Musical Evangélico" é o mais famoso e conhecido programa evangélico musical do Brasil e esta no ar até os dias de hoje. Contava também contava com a participação de João Falavinha Iensen, seu filho que apresentou por muitos anos o programa. Na década de 70, era comum no horário de 12 às 13 horas (salvo engano), em quase toda casa de um assembleiano, estar ligado no programa evangélico comandado por Mateus Iensen. Os crentes cantavam juntos com as gravações dos hinos que eram transmitidos e no final recebiam a oração do apresentador. No passado, Matheus Iensen contou com a valorosa colaboração do amado irmão Adeildo Feliciano do Nascimento por seis anos. O programa teve também a participação do filho mais velho, João Falavinha Iensen, que por muitos anos apresentou o programa Musical Evangélico junto com seu pai.


Mateus Iensen, tornou-se conhecido nacionalmente, por ocasião do encerramento da 8ª Conferência Mundial Pentecostal, realizada na tarde do dia 23 de julho de 1967, no estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, quando ele cantou o hino "HORA DE PARTIR", com acompanhamento do acordeonista, Natanael Passos. O cântico desse hino alegrou muito a todos os que presenciaram o evento. Na ocasião, o culto era dirigido pelo missionário Bernhard Johnson Jr. que atendendo pedido do conceituado pastor José Pimentel de Carvalho (de Curitiba), cedeu a oportunidade ao cantor para louvar ao Senhor. Foi uma verdadeira apoteose espiritual.


Pastor Matheus Iensen, além de comunicador e cantor, também foi um grande cooperador na obra de Deus, sob a liderança do saudoso pastor José Pimentel de Carvalho. No dia 2 de julho de 2000, ele foi separado ao serviço de presbítero e ainda nesse mesmo ano, em 7 de dezembro na AD de Curitiba, durante o encerramento da convenção estadual CIEADEP, na época presidida pelo pastor Israel Sodré, Matheus Iensen foi consagrado a evangelista. Poucos anos depois foi ordenado pastor.

Consolidando sua liderança política, Matheus Iensen candidatou-se a Deputado Federal pelo Paraná nas eleições de 15 de novembro de 1986, sendo eleito com 79.758 votos. Foi reeleito para o segundo mandato em 3 de outubro de 1990, tendo atuado até 31 de janeiro de 1995.

Ao partir com Cristo, aos 82 anos, Mateus Iensen deixa saudosos a sua companheira, irmã Mercedes Falavinha que muito ajudou no seu ministério, seus filhos, netos e uma infinidade de pastores, obreiros em geral e irmãos de todo o Brasil que o amava e admirava pelo grande trabalho que ele desenvolveu, na área evangelística através dos seus programas radiofônicos.

A Assembleia de Deus Ministério de Coronel Fabriciano e Ipatinga, presidida pelo Pastor José Martins de Calais Júnior, e que tem como presidente de honra, o Pastor Antônio Rosa da Silva (que conheceu muito o cantor e pastor Mateus Iensen), envia suas condolências aos familiares e amigos pelo falecimento do nosso querido irmão. Que o Senhor possa trazer o conforto necessário a todos.


Fonte: Livro biográfico "Minha Vida, minha história", de Roberto de Carvalho e Andréa Iensen - Curitiba, 2001


ANEXOS:


                   Mateus Iensem e família, em Apucarana - PR



            Matheus Iensen junto ao Dueto Dico e Rosinha e seus filhos Misael e Eliel Passos
 

                                               Família Iensen


                                              Capa do disco LP "ORAÇÃO DE MÃE"


                                                    Matheus Iensen com a família


                        Pastor Matheus Iensen junto ao neto João Rafael Iensen 
                                  e os pastores Wagner e Eliel Gaby, na AD em Curitiba

                 Hino: HORA DE PARTIR, conhecido em todo o Brasil


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Pastor ARMANDO CHAVES COHEN

Pastor , teólogo, escritor, articulista dos peródicos da CPAD e professor de estudos bíblicos e Escola Bíblicas nas Assembleias de Deus.


Nascido no dia 20 de janeiro de 1914 em Belém (PA), o pastor Armando Chaves Cohen era filho do Dr. Jacob Cohen e Tereza Chaves Cohen. Seu pai era engenheiro agrônomo e como tal sempre desempenhou altos cargos como funcionário da Secretaria de Agricultura do Estado do Pará. Era judeu, nascido no Marrocos com formação na França e se dizia da tribo de Levi.

No ano de 1929, aos 15 anos de idade assistiu pela primeira vez um culto da Assembléia de Deus em companhia de seu pai Dr. Jacob e seu irmão José Chaves Cohen. Este fato ocorreu no município de São Miguel do Guamá (PA) e o pregador da noite foi o pastor Absalão Piano, segundo pastor consagrado nas AD no Brasil.

Em 1931 alistou-se no Exercito Brasileiro indo servir em São Paulo. Participou da Revolução Constitucionalista de 1932 e logo depois retornou à Belém do Pará.

Em 14 de março de 1936, casou-se com Lília Ferreira Cohen, resultando desta união os seguintes filhos: Walmir, Jacob (falecido); Ester (falecida); Maria Teresa; Simmy; Jaime (falecido); Samuel; Maria Éster; Eliézer; Esdras; Rute e Joel Ferreira Cohen.

Aceitou a Cristo como Salvador em 08 de outubro de 1938, no lugarejo denominado Porto Alegre, localizado no arquipélago do Marajó, no Pará. Foi batizado nas águas em 25 de dezembro do mesmo ano, pelo pastor Joviniano Rodrigues Lobato, na localidade de Bela Vista do Japuti, município de Afuá. Em março de 1940, recebeu o batismo com o Espírito Santo. No ano de 1941, recebeu a chamada divina para o exercício do ministério.

Trabalhou como topógrafo, chegando a ser administrador de uma plantação de timbó (planta de onde se extrai um veneno). Em 1943 foi convocado para o Exercito, em decorrência da Segunda Guerra Mundial, chegando a ser Terceiro Sargento. Licenciado em 1945 voltou para a agricultura.

Iniciando sua carreira ministerial, evangelizou a cidade paraense de Porto de Moz e adjacências em 1942, a cidade e base aérea dos norte-americanos em Amapá, em 1944. Em 23 de outubro de 1945 fundou a Assembléia de Deus em Castanhal – PA. Em 31 de março de 1947, foi consagrado pastor. Naquele mesmo ano, foi designado para abrir um trabalho na cidade de Carolina (MA), onde serviu ao Senhor por três anos. Depois, passou dois anos como co-pastor da AD em Belém, sendo que em 15 de outubro de 1952, fundou o Serviço de Evangelização dos Rios Tocantins e Araguaia (SETA).

De 1953 a julho de 1955, voltou a liderar a AD em Carolina. De 18 de julho de 1955 a 18 de janeiro de 1956, liderou a AD em Teresina (PI). Em 1956, serviu ao Senhor em Vitorino Freire (MA), voltando a liderar a AD em Teresina no ano seguinte, onde permaneceu até 1960. Foi transferido então para o Rio de Janeiro, a fim de assumir a gerência CPAD, que naquela época passava por muitas dificuldades. Na Casa, permaneceu de 04 de janeiro de 1960 a 18 de janeiro de 1961.

Atendendo convite da Assembléia de Deus no Ceará assumiu em 20 de janeiro de 1961, o pastorado da igreja em Fortaleza e a liderança no Estado, em substituição ao pastor José Teixeira Rego, que havia falecido. Em 12 de fevereiro de 1962, após empossar o pastor Emiliano Ferreira da Costa como novo líder no Ceará, voltou a Belém, onde mais uma vez serviu como co-pastor da igreja.

Em 23 de setembro de 1964, assumiu o pastorado da AD do Plano Piloto, em Brasília, da qual foi o principal fundador e organizador. Após deixar Brasília, tendo passado um breve período em Nova Holanda – RJ, serviu à igreja em Capanema – PA, pastoreando-a de 23/04/1972 a 23/04/1982, quando se jubilou. A igreja em Capanema experimentou grande crescimento em sua gestão, tendo inclusive reconstruído o templo central.

Fez parte da Mesa Diretora da CGADB em três ocasiões: 

1º secretário, em 1962 e 1968, e 5º vice-presidente, no triênio 1981 a 1983. No ano de 1985, foi escolhido para compor a comissão de reintegração de ministros à CGADB. Nas Assembleias de Deus se destacava-se também pelo seu tipo físico baixinho, mas corpulento.

Pastor Cohen foi autor dos livros: “Carta a Tito”, Êxodo – Comentário Bíblico”, “Estudos sobre o Apocalipse”, “A Segunda Vinda de Cristo”, “A vida terrena de Jesus” e “Notas sobre o Gênesis”. Seus escritos eram muito apreciados, principalmente em razão da maneira como abordava os temas escatológicos e históricos em suas obras. Além disso, escreveu diversos artigos para os periódicos da CPAD. Em 1985, lançou sua autobiografia, intitulada “Minha Vida”.

Jubilado, voltou a residir em Brasília, de onde exerceu um ministério incansável de ensino, atendendo convites para ministrar estudos bíblicos em várias partes do Brasil, até ser chamado pelo Senhor na madrugada de 05 de setembro de 1992.

Pai de 12 filhos, Cohen, procurou educá-los na Palavra de Deus, destacando-se: Walmir Cohen, um dos primeiros pastores da Igreja Pentecostal de Nova Vida e fundador da Igreja Fé para Todos; Eliezer Cohen, jornalista, historiador, ex-redator de periódicos da CPAD, e Simmy, segunda esposa do pastor Elizeu Menezes de Oliveira, líder da ADIG - Assembleia de Deus na Ilha do Governador (RJ). 

Fontes: Dicionário do Movimento Pentecostal, de Isael de Araújo (CPAD) e o livro autobiográfico "Minha Vida", de Armando Chaves Cohen

ANEXOS:

                      O Dr. Jacob Cohen e sua família - (pais e irmãos do 
                                     Pastor Armando Chaves Cohen)

                    Pastor Armando Chaves Cohen e outro obreiro 
                                     na cidade de Carolina (MA).

Pastor Armando Chaves Cohen e sua numerosa família, provavelmente quando pastoreava a AD em Carolina (MA) por volta de 1953/1954).

                          Pastor Cohen e sua numerosa família

Antigo ministério da AD em Belém (1953). Ao centro de terno branco, o pastor Armando Chaves Cohen ao lado do Pastor Francisco Pereira do Nascimento.

Convenção Estadual das AD no Ceará, realizada em Fortaleza (1961). Na fileira da frente, assentados ao centro, o Missionário Nels Julius Nelson e os pastores Armando Chaves Cohen e Emiliano Ferreira da Costa.

      Templo-Sede da AD em Carolina (MA), igreja fundada pelo Pastor 
                             Armando Chaves Cohen, em 1947

             Templo-Sede da AD em Castanhal (PA), igreja fundada 
                                 pelo Pastor Cohen em 1945

                Templo-Sede da AD em Capanema (PA), última igreja 
                   presidida pelo Pr. Armando Cohen de 1972 a 1982





domingo, 26 de novembro de 2017

Pastor ESTEVAM ÂNGELO DE SOUZA

Evangelista, pastor, ensinador e escritor, e antigo líder da Assembléias de Deus no Maranhão.


Nasceu na cidade de Araioses, Estado do Maranhão, no dia 02 de agosto de 1922. Filho de José Romão de Souza e de Maria Pereira de Souza, teve uma infância e adolescência simples, vivendo essas quadras da existência sob os cuidados paternos.

Aos vinte e um anos de idade teve seu encontro com Cristo, aceitando-o como Senhor e Salvador pessoal. Era o dia 09 de abril de 1944 e o primeiro culto evangélico a que assistia, precisamente na cidade de Magalhães de Almeida. Recebeu o batismo com o Espírito Santo no dia 06 de julho do mesmo ano e em primeiro de outubro, foi batizado em águas.

Daí por diante abraçou a causa do Evangelho. Durante dois anos trabalhou como evangelista, saindo a pregar a palavra de Deus pelos sertões do Piauí, ainda jovem e solteiro, mesmo sem vínculo ministerial, uma vez que, naquela época, a obra estava se iniciando. Costumava dizer que nesse tempo morava debaixo de um chapéu, pois não possuía moradia, tendo que repousar diversas vezes no meio da mata e sob o orvalho.

Sua vocação pastoral confirmou-se no dia 11 de novembro de 1946, quando foi autorizado a evangelista, e consagrado ao Santo Ministério em 27 de julho de 1947, e por fim, ordenado a pastor em 07 de setembro de 1952. Trabalhou inicialmente em Esperantina por sete anos e alguns meses e Luzilândia, ambas no estado do Piauí, época em que contraiu seu primeiro matrimônio com a jovem Joaquina Maria Batista de Souza, com quem teve os três primeiros filhos, ficando depois viúvo.



Em 21 de novembro de 1953 contraiu novas núpcias com a jovem Gizeuda Lima de Souza, que lhe deu outros seis filhos. Nesse mesmo ano, mudou-se para São Luís a convite do saudoso pastor Alcebíades Pereira de Vasconcelos, tendo sido empossado a 04 de janeiro de 1954. Serviu como co-pastor da Assembléia de Deus na capital maranhense (a Igreja na Ilha contava com apenas três congregações) até 16 de dezembro de 1957, quando então assumiu, em definitivo, o pastorado da Igreja, à qual serviu durante 42 anos, um mês e doze dias. Participou da Conferência Mundial Pentecostal em Londres, Inglaterra, em 1976, e em Jerusalém, em 1995, tendo ainda visitado vários países da Europa e Ásia, além dos Estados Unidos da América. Em todo esse período, dedicou-se inteiramente à Causa com muito amor, trabalho e abnegação, o que somente a eternidade poderá revelar todos os frutos do seu profícuo ministério.

Conheça algumas declarações feitas pelo Pastor Estevam Ângelo de Souza pouco tempo antes de sua partida para a eternidade:

Sobre a Idade e o Trabalho:

“Foi-me dito do pastor Lewi Pethrus, a quem consideramos herói da evangelização mundial, através da obra missionária que comandou, em vários países do mundo que, quando mais novo, antes de pregar estava em oração, no seu gabinete pastoral. Na velhice, tinha uma cama em um quarto anexo ao gabinete. Antes de pregar, ficava alguns minutos repousando na cama. Pude entender a razão disto, mas hoje, aos setenta e dois anos, a experiência me faz entender melhor. A vida continua, as atividades podem continuar, mas a forma de servir, tem que mudar em alguns aspectos, adaptando-se às condições físicas e emocionais das pessoas, de acordo com as atividades exercidas ao longo dos anos.

Iniciei as atividades ministeriais em 1946, com 24 anos de idade e de lá saí para São Luís com 31 anos, em pleno vigor juvenil. Podia pregar cinco vezes aos domingos, ou 4 horas em estudos bíblicos. Creio que a divina saúde me tem preservado a resistência. Hoje, com setenta e dois anos, sinto-me bastante forte para os muitos trabalhos que Deus tem posto sob a minha responsabilidade nesta fase da vida. Entretanto, de duas coisas estou certo. O que fazia naqueles anos no Piauí, não poderia fazer hoje, e, o que pela graça de Deus, faço hoje, em São Luís, no Maranhão e no Brasil, não faria naquele tempo.

Como jovem podia viajar a pé, desde a madrugada até à tardinha e ainda pregar, às vezes, dois sermões no mesmo culto. Acontecia, ao dizer o amém, chegarem algumas pessoas que pela primeira vez estavam vindo para ouvir a Palavra de Deus. Não podia “despedi-las vazias”. Pregava outra vez e entregava-lhes a mensagem de Deus.

Nos meus quarenta anos em São Luís, as atividades ministeriais, tanto mudaram como se multiplicaram, requerendo cada uma delas, nova maneira de servir. Servir, pois tudo o que fazemos para Deus e Sua Igreja, só tem aceitação se o fazemos na categoria de servos. Por isto vigio-me diariamente para não abandonar a posição de servo. Para mim, nenhum serviço da igreja é pesado demais, nem humilhante”.


Com esta declaração do pastor Estevam, fica mais fácil então compreendermos porque muitas vezes ele recusava algumas vantagens e regalias, pois entendia que pastorear é realmente servir. Foi o que realmente fez com humildade e dinamismo. Conheçamos suas experiências como ele mesmo as descreveu:

Como Funcionário de Quatro Entidades:

“Às vezes tenho-me perguntado: Como consegui atender a tantos trabalhos, só, durante quatro anos? Já há 36 anos na presidência da Assembléia de Deus em São Luís, administrando os trabalhos de construção e os trabalhos pastorais; também da Convenção no Estado, ao mesmo tempo; respondendo aos seus muitos desafios. Durante 33 anos estive na presidência da Sociedade Filantrópica Evangélica do Maranhão, mantenedora do Colégio Evangélico “Bueno Aza”, arcando com a responsabilidade total da administração da mesma, com todo trabalho burocrático, inclusive escrituração contábil, por alguns anos, e encargos sociais do preenchimento das guias de recolhimento aos pagamentos dos bancos.

No período de 31 anos, fui o secretário e o datilógrafo da Igreja, da Convenção e da Sociedade Filantrópica para atender a todas as correspondências das mesmas, além dos meus escritos, artigos, livros e, por fim, os comentários da Revista da Escola Dominical. Batia máquina, às vezes, até a meia-noite.

Quando, ao fim de 1987, a igreja insistia em dar-me um motorista, pedi, que antes do motorista me dessem uma secretária. Em 05 de janeiro de 1988 foi admitida à secretária a irmã Rosinete Cruz, que, habilidosamente, tem desempenhado esses trabalhos, no que já, há dois anos, tem tido a participação da minha filha Alvanira, também com tempo integral.

Às três entidades de várias décadas, em maio de 1988, foi acrescentada a Fundação Cultural Pastor José Romão de Souza, com o seu Departamento Radiofônico, a Rádio FM Esperança, que também me custaram suor e lágrimas.

Começou a luta, quando fui despertado a sonhar com a Rádio, cobrindo a cidade de São Luís e arredores com a Palavra de Deus. Com a esperança concessão, os trabalhos com a documentação para concorrer; a campanha para aquisição do fundo de um milhão de cruzados indispensável à concorrência, à compra do terreno adequado para a instalação da Emissora; o esforço para a conclusão do prédio no tempo hábil; os 20 mutirões de que participamos de sol a sol; a compra de todos os equipamentos, com grande parte importada, etc. Mas isso foi o menor. O mais agradável foram as providências de Deus, que Se mostrou interessado no projeto.

Quando soube da previsão dos custos de tudo, vi que era humanamente impossível, pois tudo tinha que ser feito dentro do prazo estipulado no edital de concorrência. Na minha apreensão, orei a Deus, e Ele respondeu-me assim: Eu estava morto e ouvia, a toda hora, a Rádio anunciando a minha morte. A revelação eliminou todos os meus temores. Entendi tudo: a Rádio iria ao ar antes de eu morrer.

O mais difícil veio com o evento do governo Collor. O material importado, no valor de quase mil dólares, chegou no dia 12 de março. No dia 13, pagamos o frete. No dia 14, iríamos pagar as despesas de alfândega, mas amanheceu feriado bancário. No dia 15, o presidente confiscou tudo. No dia 16, estava sem saber o que fazer: o dólar subindo, os prazos findando; cheguei a afligir-me. Sendo o crédito e o débito tudo em nome de uma Fundação, tentamos obter a liberação do dinheiro preso, tendo a atuação decisiva do irmão deputado Costa Ferreira. Tudo em vão. Só Deus! Clamamos ao céu. Quase um mês depois expusemos tudo em Assembléia Geral e apelamos para a igreja e no outro dia, à noite, ligamos para o despachante aduaneiro, autorizando-o a fazer o levantamento de todo o débito, e no dia imediato pagamos tudo. No dia 11 de abril, a Rádio foi ao ar, já licenciada. Mais uma vez, Deus se revelou glorioso como realmente é”.


O Pastor Estevam reunia qualidades e atividades de um homem simples e humilde como também de alguém que possuía muita fé, ousadia e perseverança. Tendo recebido um sinal de Deus, então prosseguiu com toda convicção quanto aos projetos que Deus lhe havia colocado no coração.

Como Motorista da Igreja:

Mesmo sendo o pastor presidente da igreja e também presidente da Convenção Estadual (CEADEMA), não lhe era problema nem vergonhoso ser também o motorista da igreja, conforme ele descrevera em seu diário:

“De janeiro de 1954 a abril de 1965, para todo e qualquer trabalho, dependia dos poucos ônibus precários e dos velhos bondes, num período em que a energia elétrica em São Luís deixava muito a desejar. Em abril de 1965, habilitado para dirigir veículo, passei a trabalhar num jipe de segunda mão que a igreja comprara. Durante 25 anos fui o motorista da igreja, para todo e qualquer serviço, inclusive nas viagens em evangelização no interior do Estado. Em uma Rural verde, 0km, do ano de 72, fiz várias dessas viagens às partes mais longínquas e até ao extremo sul do Maranhão, viagens de semanas inteiras, nos lameiros ou sob nuvens de poeira, quando não tínhamos um só quilômetro de estrada asfaltada, exceto a BR São Luís-Teresina. Dezoito anos depois que a Rural foi vendida, freqüentemente pessoas me dizem: “Eu lhe conheci dirigindo uma Rural verde”.
Além destas atividades comentadas por ele mesmo e conhecidas de todos, o pastor Estevam exerceu durante 38 anos a presidência da Convenção Estadual das Assembléias de Deus no Maranhão. Fundou e presidiu por 33 anos a Sociedade Filantrópica Evangélica do Maranhão, tendo se empenhado com muito afinco em prol da educação e da assistência social. Durante vários anos fez parte do Diretório Regional da Sociedade Bíblica do Brasil, exercendo o cargo de presidente.

Em março de 1991, deu início aos trabalhos de instalação de uma escola de ensino teológico para a igreja Assembléia de Deus do Maranhão, fundando em São Luís o IBPM – Instituto Bíblico Pentecostal do Maranhão, o qual tornou-se um dos seus grandes sonhos concretizados em vida, juntamente com a emissora de rádio.

Exerceu ainda importantes funções junto a CGADB – Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil e EETAD (Escola de Educação Teológica das Assembleias de Deus), além de ter trabalhado, durante vários anos, como Conselheiro da CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de Deus), tendo contribuído como articulista de seus períodos e comentador das Lições Bíblicas da Escola Dominical.

Como professor, conferencista e, sobretudo, pregador do Evangelho, percorreu todo o Brasil, ministrando a Palavra de Deus em escolas bíblicas, congressos e outros eventos de diferentes denominações evangélicas.

Sendo homem estudioso e autodidata que era, falava fluentemente o inglês e o traduzia, tendo deixado uma farta produção literária: centenas de artigos, mensagens e também 12 livros, entre os quais: O Pai Nosso, Títulos e Dons do Ministério Cristão, Relações entre Jovens e Velhos, Nos Domínios do Espírito, e, por último, O Padrão Divino para uma Família Feliz, o qual não teve a oportunidade de ver o lançamento.

Ultimamente, encontrava-se empenhado, junto com a Igreja, na construção do Centro Social e do Centro de Convenções da Assembléia de Deus em São Luís, este com capacidade para abrigar 10 mil pessoas sentadas. Ele e cerca de 10 mil crentes arregaçaram as mangas e trabalhando como verdadeiros operários, realizaram quatro mutirões, o que causou admiração e contentamento não somente entre a comunidade evangélica, como a população local.



O Desafio da Evangelização



O pastor Estevam tinha como prioridade a evangelização. Nunca viu nos obstáculos fator limitante. Uma prova cabal disso se reflete no número de templos construídos em São Luís sob sua administração. Cabe destaque aqui não às estruturas físicas dos templos, mas ao fato de que estão cheios de crentes. Como presidente da Convenção Estadual das Assembléias de Deus no Maranhão estendeu sua influência no estabelecimento de igrejas e na evangelização em todos os rincões do Estado. O lema era: onde houver uma pessoa sem Cristo, aí está um campo missionário. Hoje, a Assembléia de Deus dispõe de serviço pastoral e evangelístico em todos os municípios, vilas, povoados e invasões em qualquer quadrante do Estado e é um poderoso corpo com milhares de crentes a serviço de Jesus Cristo.

Compungido pelo amor e tino evangelizador, o pastor Estevam aproveitava bem as oportunidades. Era impossível estar perto de alguém que não conhecesse a Cristo como seu Salvador sem que o evangelizasse. Era inadmissível um lugar, pequeno que fosse, sem uma representação do Evangelho para que todos tivessem a oportunidade de conhecer a salvação de Jesus Cristo. Via na evangelização o projeto de curto prazo para reformar a sociedade, não importando a condição moral ou social do indivíduo – todos carecem de Jesus. De tal sorte que são incontáveis os que aceitaram a Cristo e tiveram suas vidas transformadas em todos os ambientes sociais. Essa lista inclui viciados em drogas, criminosos, homens e mulheres da sarjeta e cidadãos de bem, mas sem Jesus como Senhor de suas vidas. Hoje, essas pessoas enchem os templos para louvar e agradecer a Deus pela libertação e regeneração espiritual.

Cabe uma ressalva. Os relatos biográficos costumam ser algo platônico, costumam ser românticos. Não foi assim com o pastor Estevam. Ele trilhou praticamente dois terços de sua história enfrentando árduos desafios. As frentes opositoras surgiam principalmente dos que tinham a Assembléia de Deus como mera concorrente e seita herética. Havia algo de inquisitório. Era freqüente o apedrejamento de templos, o corte da luz que alimentava o som dos cultos ao ar livre, a discriminação social. Quantas vezes crentes eram presos; quantas vezes os crentes tiveram seus projetos de aquisição de terreno para construção de templos boicotados, fosse junto a autoridades públicas ou a particulares. A pressão era tanta que negócios já concluídos eram desfeitos. Era comum no interior do Estado do Maranhão a oposição consorciada de autoridades religiosas, juizes e delegados. Mas onde quer que fosse aberta uma nova frente de batalha, lá também se encontrava o pastor Estevam. Dentre as batalhas que travou, as mais cruentas decorriam da calúnia e da difamação a que tantas vezes foi alvo. E por mais acintosa e diversa que fosse a impugna, lutava sempre do mesmo modo, orando pelo fim das hostilidades e conversão dos opositores a Deus. Suas armas eram sempre espirituais. Por isso venceu. Por isso escreveu sua história com letras de ouro e patenteou que estava no caminho certo.

Estevam Empreendedor



Pastor Estêvão em frente ao templo central da AD em São Luís

O pastor Estevam era um empreendedor. Tinha uma visão aparentemente agigantada. Só aparência, pois o alcance de sua visão correspondia à dimensão de sua fé. Há um ditado corrente no meio evangélico que ilustra bem o caminhar com fé: “O homem só vai onde sua fé pode chegar”. Assim se entende por que Estevam chegou tão longe. Podemos comprovar isso em algumas de suas realizações. Amor e fé perfaziam o composto vitorioso, gerando uma dinâmica quase contraditória. Movido pelo amor, lançava-se ao trabalho diuturno, “remindo o tempo”, como se não fosse haver amanhã; já sob a visão transcendente da fé, estruturava os alicerces sólidos para o caminhar de amanhã, numa visão futurista de quem tem um mundo perene.

A construção de templos, por exemplo. Sua abrangente visão dos processos sociais o tornou um caçador de terrenos estratégicos para levantar igrejas. Muitos achavam essa dedicação operária uma função incompatível com um pastor do seu quilate. Tida como inglória, por parecer desnecessária, a aquisição de terrenos em lugares pouco habitados e sem nenhuma estrutura urbana, davam aos críticos, muitas vezes amigos e parentes bem intencionados, a certeza de que a falta de população e a natureza das áreas configuravam desperdício certo. O tempo comprovou que o pastor Estevam estava com razão e à frente de sua época. A população de São Luís cresceu de forma rápida, inimaginável. Dezenas de bairros encheram a ilha de São Luís e a população chegou a um milhão de habitantes. Hoje todos têm um templo da Assembléia de Deus próximo a sua casa para adorar a Deus. Outro fato notável é que o pastor Estevam não somente administrou essas construções delegando poderes, distribuindo normas, mas entregou-se a um labor árduo e desgastante. A marca registrada dos tempos e a construção em si têm a participação direta do pastor Estevam como operário braçal. Tinha por hábito acompanhar tijolo a tijolo de cada obra. Era sob o seu olhar e o trato direto em cada obra, que os templos emergiam e formatavam a concretude do seu ideal. A abrangência do seu plano era atender a todas as comunidades, a partir do nascedouro, com uma igreja em estado de receber os fiéis, fosse povoado, vila ou cidade, fruto de planejamento ou de invasão. Quando chegou a São Luís, o pastor Estevam encontrou apenas três templos. Finda sua missão terrena, deixou o admirável número de 167 templos já construídos, numa média de quatro templos por ano. Não é de admirar que cada rincão tenha uma igreja e os crentes de qualquer lugar têm o conforto de poder se congregar próximo a sua moradia.

Homem versátil, não se deixou limitar pela setorização. Estendeu seu idealismo para todas as áreas viáveis.

Sendo um dos pioneiros da obra social no meio evangélico no Maranhão, fundou e presidiu por 33 anos a Sociedade Filantrópica Evangélica do Maranhão com o intuito de promover a assistência social e a educação aos carentes. Desse passo inicial nasceu o colégio “Bueno Aza”, que fornece educação de boa qualidade a dezenas de crianças pobres. Toneladas de roupas e alimentos foram distribuídos para várias centenas de famílias.

Ao pressentir que o mundo se dobrava ante a influência da comunicação, investiu em programas de rádio e sempre que havia espaço, utilizava-se da televisão para divulgar o Evangelho.

A utilização das ondas de rádio como forte aliada na divulgação do Evangelho tem uma longa história. No fim da década de 50, pela primeira vez, o pastor Estevam pregou numa rádio. Foi no dia 15 de maio de 1959, na Rádio Timbira do Maranhão, a mensagem intitulada “O Ide de Jesus”, um imperativo que, conjuntamente com a exortação, dá ao cristão a autoridade de evangelizar a toda criatura.

Em março de 1988, com o apoio da Assembléia de Deus em São Luís e sob a sua liderança, foi criada a Fundação Cultural Pastor José Romão de Souza, entidade que, em 1990, seria a controladora da Rádio FM Esperança. Desde o início dessa emissora, pregava todas as noites, pelo tempo de aproximadamente 08 minutos, no programa “Palavra da Vida”, tendo deixado mais de mil mensagens gravadas.

Depois de enfrentar vinte mutirões, conseguiu levar a cabo a construção da sede própria da rádio. No dia 11 de abril de 1990, foi inaugurada a Rádio FM Esperança, a primeira emissora de rádio genuinamente evangélica do Maranhão. Aproveitando bem as oportunidades, como era seu feitio, iniciou uma maratona de mensagens. Todas as noites pregava uma mensagem do Evangelho com duração de oito minutos, no programa “Palavra de Vida”. Nesse ritmo, deixou mais de mil mensagens gravadas.

No começo de 1991, inaugurou a escola de ensino teológico, o Instituto Bíblico Pentecostal, cujo objetivo é preparar ainda mais os membros, os pastores e auxiliares da Igreja.

Por décadas alimentou um sonho ousado: construir um centro de convenções que pudesse abrigar milhares de pessoas sentadas. O que hoje parece normal, àquele tempo era bastante ousado e – por que não dizer? – era um sonho apenas. Como a Igreja Assembléia de Deus no Maranhão já se acostumara com suas ousadias, todos receberam com normalidade o início da construção do grande centro de convenções, um dos seus maiores projetos, com capacidade para dez mil pessoas sentadas, que, infelizmente, não pôde concluir. Mas deixou o exemplo de obstinação e fé que alimenta o ânimo de cada membro da Assembléia de Deus. O centro de convenções vai ser concluído.

O Chapéu de Estevam

O pastor Estevam, pela posição que ocupava e pelo prestígio e admiração que gozava, atraía a atenção de todos. Mesmo gestos simples que cultivara ao longo de sua vida ganharam notoriedade – qual nome comum laureado pela grandeza de seu dono. Cabe destaque seu grande chapéu de palha. Um simples chapéu de palha sobre a cabeça desse eminente brasileiro se destacou a ponto de virar símbolo de empreendimento, trabalho e realização. O chapéu que lhe serviu de “casa” nos sertões áridos nas suas viagens evangelizadoras. Um ser admirador, conhecedor das realizações pastorais do pastor Estevam desde a mocidade, disse: “À sombra do teu chapéu de missionário, milhares de pessoas encontraram a Jesus, repouso e descanso para a alma”.

O chapéu que o protegeu do sol nos vários mutirões que transformavam terrenos baldios em edificações úteis; chapéu que o identificava no meio de outros operários; chapéu que asseverava que aquela obra seria levada a termo.

Um Pastor próximo de Suas Ovelhas

O Pastor Estevam era um homem de visão missionária. Juntamente com sua esposa, Gizeuda, e a igreja em São Luís, empenhou-se na evangelização dos índios Guajajaras e Canelas, distribuídos por 15 aldeias no município de Barra do Corda – MA. Como resultado desses esforços, há hoje cerca de 600 batizados em águas, convictos da verdade do Evangelho e que sabem ler a Bíblia em português. Junto a eles trabalham dez missionários, sendo quatro indígenas. Mediante pedido do Pastor Estevam à Sociedade Bíblica do Brasil, em 26 de janeiro de 1996, a SBB doou 1284 Bíblias para distribuição gratuita entre os aborígenes.

Seu trabalho voltado para as crianças, adolescentes e jovens da igreja também merece destaque, em especial pela criação, em 1954, da Classe Bíblica pós-Escola Dominical que, mais tarde, deu lugar a um trabalho mensal de estudo bíblico para a mocidade. Apoiou, em 1984, a criação da UMADESL, e em 1986, da UNILIDER – União de Líderes de Mocidade das Assembléias de Deus no Maranhão, órgão responsável pela realização do ELMAD, evento que promove o encontro anual desses mesmos líderes.

Durante 38 anos foi presidente da Convenção de Obreiros Maranhenses, período marcado pela realização de várias Escolas Bíblicas, além de encontros para esposas de pastores e dirigentes de Círculos de Oração. Em 1995, na cidade de Pedreiras, destacou-se como preletor no Primeiro Encontro de Filhos de Pastores.

Sua última mensagem foi dirigida a pastores e auxiliares da igreja sede na noite de 13 de fevereiro - um dia antes de sua morte, tomando como base a segunda parte do texto bíblico de 2Tm 2.15: “que maneja bem a palavra da verdade”. Durante cerca de 40 minutos ele traçou o perfil do verdadeiro obreiro, que tem espírito humilde e não orgulhoso, que usa o púlpito para falar com unção e não para desabafar.

Por tudo o que realizou e viveu, podemos chegar à mesma conclusão que seu filho, Benjamim: ‘...o pior tipo de morte para ele, a mais dolorida de todas, seria ter que ficar prostrado numa cama, mesmo que por pouco tempo. Tudo porque meu pai não podia parar...’’’.

Estevam Escritor

O pastor Estevam escreveu doze livros, dois opúsculos e vasta literatura evangélica em forma de artigo. Seu último livro – O Padrão Divino para uma Família Feliz – estava no prelo quando se deu o passamento do nosso querido pastor. Não viu sua obra publicada, mas deve ter levado a certeza de que deixava um bom legado a se somar aos outros já concluídos. Suas obras vão de livros para consulta teológica, como Os Dons do Espírito Santo, Títulos e Dons do Ministério Cristão e aplicações espirituais e práticas para a vida cotidiana interpessoal, comunitária e na igreja. E, de acordo com a ordem de publicações de seus livros, temos:

01 - "O PAI NOSSO"

Primeiro livro escrito pelo saudoso pastor, com dedicatória a seu pai José Romão de Souza. A obra em apreço é um epítome da doutrina cristã, onde é comentada – passo por passo – a oração dominical ensinada por Cristo aos seus discípulos.



02 - "O BOM DESPENSEIRO"

Este livro é um breve estudo a todas as atividades do cristão, inclusive sua personalidade – a vida, a saúde, o tempo, a inteligência, as oportunidades, os bens, os dotes naturais, etc., que são coisas sobre que devemos exercer a mordomia cristã, para a glória de Deus e nossa felicidade pessoal.



03 - "COM QUEM CAIM CASOU"

Baseado nesta pergunta intrigante, o autor procura responder a uma das grandes indagações feitas especialmente pelos não estudiosos – e sim curiosos da Bíblia. Responde fundamentalmente que o primeiro filho de Adão “casou-se com sua própria irmã, pois não existiam outras mulheres no mundo de então, e não havia nada que o proibisse ou contestasse”, tampouco existia qualquer preceito cívico ou divino a contrariar.



04 - "AS CARACTERÍSTICAS DA IGREJA DE CRISTO"

O assunto desta obra visa ao despertamento e à edificação da Igreja de Cristo. O autor procurou elucidar o assunto à luz do Novo Testamento, retratando a Igreja como um organismo vivo, instituição divina, indestrutível. O tema é estudado em seus aspectos profético, histórico e doutrinário.



05 - "LIBERDADE PARA OS JOVENS"

O autor descreve com precisão o conceito de liberdade para a juventude, mostrando o lado oposto – a escravidão, especialmente a do pecado. Disserta sobre a verdadeira liberdade que está ao alcance de todos, que somente é encontrada em Cristo e em seu Evangelho. É a arte de ser livre sem precisar de amuletos como drogas, sexo ilícito, etc.



06 - "RELAÇÃO ENTRE JOVENS E VELHOS"

Neste livro o autor procura descrever a doutrina bíblica do relacionamento entre jovens e velhos, mostrando as diferentes situações e condições que envolveram os vários exemplos da Bíblia, nesse particular, à luz dos oráculos divinos.



07 - "TÍTULOS E DONS DO MINISTÉRIO CRISTÃO"

Versa sobre os dons ministeriais, habilitações sobrenaturais concedidas para a evangelização do mundo e construção da Igreja. Informa sobre a liderança constituída por Deus para cuidar da edificação da Igreja, a saber: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres, anciãos, presbíteros, bispos e diáconos.


08 - "UM CATÓLICO QUE FOI SALVO"

O testemunho da conversão do autor ao Evangelho de Cristo, quando ainda era bem jovem, descrevendo suas experiências durante o tempo em que viveu sem conhecer a Cristo, apenas como um cristão nominal.


09 - "OS DONS DO ESPÍRITO"

O apóstolo Paulo exorta: “Acerca dos dons espirituais não quero, irmãos, que sejais ignorantes”.

O livro em apreço versa sobre a grande importância de conhecer a fundo esse fundamento bíblico, pois os dons concedidos por Deus à sua Igreja visam a habilitação sobrenatural para a realização da magnífica tarefa de conquistar o mundo para Cristo e glorificar o Seu Nome.


10 - "NOS DOMÍNIOS DO ESPÍRITO"

Traz um estudo sistematizado sobre o Espírito Santo: sua natureza, sua obra revelada na Bíblia, sua ação individualizada na vida do crente, seus ministérios, o batismo com o Espírito Santo, a evidência inicial do batismo e como recebê-lo, dando enfoque à forma como o crente se deixa subordinar pelo Espírito Santo, pois toda obra espiritual só adquire valor diante de Deus se for inspirada e conduzida pelo Espírito Santo.


11 - "OS MACACOS EVOLUÍDOS" (Texto inacabado)


12 - "O PADRÃO DIVINO PARA UMA FAMÍLIA FELIZ"

Um apelo à família, para que atente cuidadosa e reverentemente para os princípios divinos a respeito do casamento e da família, tendo em vista o relevante papel que Deus lhe há dado quanto à vida e à moral da humanidade. Ultimamente, este livro foi publicado pela CPAD com o título: “... E Deus Criou a Família”.


13 - "OS RASTROS DE UM SERVO"

O autor escreveu sua autobiografia. No entanto, como já era de se esperar, é acanhada, não correspondendo na íntegra à grandeza do autor. Apesar de ser orador e escritor versátil, era limitado ao falar de si mesmo.
Poderíamos acrescê-la com destaque em epígrafe dos testemunhos diversos já mencionados onde é descrito como liderança espiritual singular, competente amigo, fiel, servo de Cristo, etc. (Obra não publicada).



A MORTE DE ESTEVAM ÂNGELO DE SOUZA

Registra o livro de Eclesiastes que “há tempo de nascer e tempo de morrer”.
O nascimento traz alegria e paz; a morte, tristeza e desgosto, mas ambas caminham juntas e devem ser encaradas não como início e fim, mas como início e passaporte para uma nova dimensão de vida. Para o pastor Estevam, o tempo de morrer chegou aos 14 dias de fevereiro de 1996, após 73 anos natalícios e 52 de serviço ao Senhor. Aprouve a Deus recolhê-lo para si, através de um acidente automobilístico, quando viajava de São Luís para a cidade de Bacabal, onde celebraria o casamento de seu irmão consangüíneo, o pastor Boaventura Pereira de Souza. Na altura do povoado Rancho do Papouco, a dez quilômetros de seu destino, a caminhonete F-100 que o levava colidiu violentamente com um ônibus da empresa Timbira, tragédia que ceifou sua vida, a da jovem Semida Souza Belfort (filha do pastor Boaventura) e a do pastor Francisco Raimundo Lima, seu auxiliar na AD em São Luís. O Pastor Estevam Ângelo de Souza partiu para estar com o Senhor no dia 14 de fevereiro de 1996, aos 73 anos de idade, e deixou sua esposa, Gizeuda Lima de Souza, e seus filhos: Samuel, Loide, Eunice, José, Lenir, Ester, Benjamim, Ezequias e Alvanira, além de vinte netos e dois bisnetos.

O Pastor Estevam Ângelo de Souza viveu uma grande vida e tinha uma tripla definição de si mesmo: “Sei que nada sou – Sou o que sou pela graça de Deus – Tudo o que sou devo a Deus”. Como o apóstolo Paulo, poderia ter dito: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”. Agora ele está onde sempre quis estar: ao lado de Jesus, a paixão maior de sua vida.


PAZ SEJA SOBRE SUA MEMÓRIA!

A Bíblia é clara e enfática: “Sê fiel até a morte” Ap 2.10.

Nada vale uma vida de vitória espiritual com fim na apostasia. Urge a conclusão da carreira em “primeiro” lugar (1Co 9.24,25). Para tanto, é necessário começar a corrida espiritual, trilhar o percurso e finalizar crendo e obedecendo. A somatória dessas etapas tem que exprimir vitória.

Da infância espiritual aos últimos momentos da vida do pastor Estevam, ficou evidenciado sua subordinação integral aos preceitos de Cristo. Correu bem a carreira que lhe estava proposta, sempre olhando para Jesus (Hb 12.1,2). Viveu e venceu pelo Deus do seu amor.

“O vencedor de modo nenhum sofrerá o dano da segunda Morte...”

“Será vestido de vestes branca. De maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida, mas confessarei o seu nome diante de meu Pai e dos seus anjos”.


A perda do líder foi muito sentida em todo o Estado, uma vez que presidia a convenção maranhense e vinha servindo à sede da Assembléia de Deus por mais de 40 anos, sem contar com as diversas obras sociais que promovia, o que o tornou uma figura respeitada pela sociedade e deixou marcas de inegável crescimento no contexto evangélico.


O Sepultamento

Depois de velado no templo sede por mais de 30 horas, o corpo do pastor Estevam foi transportado, no dia 16, por um carro do Corpo de Bombeiros até o cemitério do Gavião, onde foi sepultado. Em clima de muita emoção e ao som da Banda da Polícia Militar do Estado, aproximadamente 12 mil pessoas acompanharam o cortejo, que percorreu algumas ruas e praticamente parou o centro da cidade. As integrantes do Círculo de Oração, vestidas de branco, formaram um corredor humano na rua do templo, enquanto a multidão jogava flores e papel picado sobre o caixão, numa última homenagem ao estimado e querido líder.

Depois de um comovido toque de silêncio executado por um soldado da Polícia Militar, o corpo do pastor Estevam baixou à sepultura às 13h45min, ao som do hino Mais Perto Quero Estar, um dos que ele mais apreciava. Havia prantos e lamentos, mas também a convicção de que descansava nos braços de Deus. “Eu sei que agora está havendo uma tremenda festa no céu com a chegada do meu pai”, disse, na ocasião, o filho mais velho, Samuel Batista de Souza.

São Luís Enlutada

A repercussão do trágico acidente pesou muito entre as autoridades constituídas. Em nome da sociedade maranhense e da governadora Roseana Sarney, viajando, na ocasião, o governador do Maranhão em exercício, José Reinaldo Carneiro Tavares, publicou nota nos principais jornais do Estado: “(...) o mais profundo pesar pelo falecimento dos eminentes pastores Estevam Ângelo de Souza e Francisco Raimundo Lima (...). O passamento de ambos constitui irreparável perda para a sociedade maranhense, em especial para a comunidade evangélica do Estado, pelo exemplo de amor, abnegação e dedicação aos seus sacerdócios”.

A prefeita municipal, Conceição Andrade, decretou luto oficial de três dias e o presidente do Senado, José Sarney, manifestou seu apreço pelo amigo pessoal e “principal líder evangélico do Maranhão”, como definiu.

O chefe de gabinete da prefeitura de São Luís, Edvaldo Holanda, e a representante da Secretaria Municipal de infra-estrutura, Telma Pinheiro, ambos membros da Assembléia de Deus, estiveram na casa da família enlutada, que também recebeu uma série de telegramas de condolências por parte de outras autoridades, igualmente abaladas com a perda.

A imprensa local deu ampla cobertura ao acontecimento. A Rádio Boas Novas, da AD em Manaus, em cadeia com a Rádio FM Esperança (emissora da AD em São Luís), transmitiu a cerimônia fúnebre para todo o Amazonas, quando, na ocasião, o pastor Samuel Câmara, líder da AD em Manaus, proferiu mensagem de condolências à igreja e à família.


Assembléias de Deus no Brasil se manifestam

As Assembléias de Deus em todo o Brasil estiveram representadas pelos líderes que se fizeram presentes ao velório e sepultamento dos obreiros vitimados. Entre eles os pastores: Dermeval Lopes Cerqueira (2º vice-presidente da CGADB), que representou a Convenção Geral; Elienai Cabral, membro do Conselho Administrativo da CPAD, que esteve representando a Casa; José Nascimento do Amaral (DF); José Deusdedith de Farias (CE); Jônatas Câmara (AM); Nestor Henrique de Mesquita, presidente da convenção piauiense; Raimundo de Oliveira e o missionário Gustavo Arne (PI); José Carlos Queiroz (PR); Severino Alves de Almeida (PE); Ademis Nogueira do Nascimento (PA) e outros obreiros, representando as igrejas do Pará, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo. Compareceram também obreiros do interior maranhense e das várias igrejas da capital, inclusive da igreja católica, representada pelo arcebispo Dom Paulo Ponte e pelos padres João e Plutarco Almeida.

Os que não puderam estar presentes no último adeus ao pastor Estevam Ângelo, de alguma forma demonstraram sua consternação e solidariedade aos familiares, através de fax, telegramas, telefonemas... Foram recebidas mensagens de pesar das Assembléias de Deus do Campo de São Cristóvão (RJ), Natal (RN), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Bela Vista (CE), Campina Grande (PB), Brasília (DF) e Ipiranga (SP); da Igreja Batista Betesda (CE); da Sociedade Bíblica do Brasil e do Ministério Bernhard Johnson; da CGADB e das convenções estaduais do Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Paraná (além das convenções batistas do Piauí e do Maranhão); do Conselho de Missionários Norte-americanos do Brasil (Campinas – SP); Secretaria Nacional de Missões; Instituto Bíblico das Assembléias de Deus (Pindamonhangaba – SP); EETAD e CPAD.


UM HOMEM DE VALOR DEIXA VAGO O SEU LUGAR

A Dor da Ausência na Voz de Alguns Líderes:


A Assembléia de Deus no Brasil perde um de seus maiores talentos. O pastor Estevam Ângelo de Souza representava para a igreja brasileira uma das colunas mestras. Este valoroso homem destacou-se não só como pastor, orientador espiritual, ensinador no púlpito da igreja, mas era um teólogo e grande escritor.

Sofremos juntamente com a Igreja do Senhor que está em São Luís do Maranhão e com a família, a perda do seu líder maior. Estamos acompanhando os nossos irmãos em oração, pedindo para que o Senhor não somente conforte os corações da família enlutada, mas também preencha esta lacuna. Creio que, se o Senhor o levou, é porque ele, também, já tem um substituto preparado. Esse substituto terá que se esforçar muito, porque a lacuna deixada por este servo do Senhor é muito grande
”.

Pastor José Wellington Bezerra da Costa - Presidente da CGADB


A morte do Pastor Estevam Ângelo de Souza pegou a todos de surpresa. Não obstante os seus 73 anos conservava o vigor ministerial de quem já realizava grandes empreendimentos, mas ainda dispunha de grandes para alcançar outros ideais. Humanamente falando, parecia que ele viveria mais tempo. No entanto, aprouve ao Senhor chamá-lo para somar ao lado de milhares de outros heróis da fé que já estão do outro lado da vida, aguardando o dia do desfecho triunfal do plano de Deus para a Igreja”.

Fica, em primeiro lugar, a lição de que a nossa vida não está em nossas mãos. Não dispomos de nenhum poder para determinar o tempo da nossa partida. É uma questão da soberania de Deus. A qualquer momento em que ele determinar, poderemos ser convocados para o lugar que nos foi garantido por Cristo nas mansões celestiais. Resta-nos, então, como paradigma, a mesma convicção de Paulo: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro”, Fp 1.21.

Em segundo lugar, fica o exemplo de uma vida dedicada ao serviço de Deus, como revela as matérias deste número especial do Mensageiro da Paz. Suas obras extrapolaram o Maranhão e ressoam por todo o Brasil. Até mesmo o bispo católico daquele Estado reconheceu no pastor Estevam Ângelo de Sousa as qualidades de maior líder espiritual em terras maranhenses. As Assembléias de Deus em todo o país, bem como outras denominações, foram profundamente abençoadas pelos seus livros editados pela CPAD e comentários das revistas da Escola Dominical para jovens e adultos, além de dezenas de artigos publicados em nossos periódicos.

De nossa parte não poderíamos deixar de prestar nossa gratidão a Deus pelo que o seu servo representou para a casa publicadora. Fica também o registro de nossa solidariedade cristã à família enlutada, à igreja maranhense que perdeu o seu líder e a todos quantos se sentem órfãos dos benefícios espirituais recebidos através da vida do pastor Estevam Ângelo de Souza. Ele já está nos braços do Pai. Se pisarmos as suas pisadas e retermos o seu ensino, um dia teremos o privilégio de reencontrá-lo no Céu”
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Ronaldo Rodrigues de Souza - Diretor Executivo da CPAD


Foi uma grande perda. Pastor Estevam Ângelo de Souza era um exemplo de vida. De fé de ministério; sua vida foi pautada na Palavra de Deus. Depois de conhecê-lo, passei a me espelhar em sua postura – um homem de Deus, difícil de ser substituído. Por ter realizado um trabalho lindo, que serve de exemplo para nós, o Brasil perdeu, de fato, uma coluna, e, também a CPAD, onde atuava como articulista e comentador das lições da Escola Dominical. Que a liderança siga o exemplo desse homem que tombou em pleno campo de batalha”.

Pastor Antônio Dionízio da Silva - Presidente do Conselho Administrativo da CPAD e líder da AD em Campo Grande - MS


Minha consternação é profunda, porque fui ministerialmente gerado nas entranhas do pastor Estevam Ângelo de Souza na década de 50. No momento, a emoção é muito grande, pois ele marcou toda a minha vida. Quanto a mim procurei em tudo acompanhar a sua trajetória, que a meu ver foi a trajetória de um verdadeiro homem de Deus. O Brasil, a Convenção Geral e seus órgãos e as Assembléias de Deus perdem, de certa forma (porque o céu ganhou), um dos seus maiores líderes”.

Pastor Waldemar Nascimento Oliveira – 2° vice-presidente do Conselho Administrativo da CPAD e líder da Assembléia de Deus em Altamira (PA)


Irmão Estevam era um líder ímpar, de modo que a Igreja no Brasil fica com uma grande dívida para com ele. E não falo somente da Assembléia de Deus, mas de todas as igrejas evangélicas, uma vez que cooperava com todas. Além de ser pastor exemplar, também se notabilizou na área literária, escrevendo livros que são dos melhores que nossa literatura possui. Foi um grande promotor e entusiasta da Escola Dominical, e a juventude do Maranhão lucrou muito com ele, pois é uma das mocidades mais bem edificadas e sólidas do Brasil. No treinamento de obreiros ele também se destacou. O Maranhão tem obreiros de grande fibra e é um dos estados com menos problemas ministeriais. Mesmo sabendo que está um lugar melhor, considero sua perda irreparável”.

Pastor Antônio Gilberto - Escritor e Conferencista


Embora o Pastor Estevam Ângelo não mais esteja fisicamente entre os evangélicos, o legado que deixou à posteridade, através de sua vida pessoal e ministério, certamente redundará em bênçãos para o povo de Deus no Brasil”.

Pastor Elienai Cabral - Membro do Conselho Administrativo da CPAD


ANEXOS: 


                                  Pastor Estevam e sua esposa Gizeuda
                               Estevam e Gizeuda, um casal exemplar
    Pastor Estevam pregando n antigo púlpíto da AD em São Luís (MA)
   Pastor Estevam e irmã Gizeuda, junto aos obreiros da AD em São Luís
Pastor Estevam ladeado pelos pastores Antônio Meton Soares (falecido),
                 Antônio Gilberto e Horácio da Silva Júnior (falecido).
            Templo Central das Assembleia de Deus em São Luís (MA)  


                      Pastor Estevam ministrando a Palavra de Deus