A Igreja Assembleia de Deus em Santa Inês comunica com pesar o falecimento do Pastor Antônio Meton Soares, Presidente de Honra desta igreja, nesta madrugada de 7 de setembro. O Pr Rayfran, em nome de toda a igreja, transmite suas condolências à família do estimado pastor, suplicando a Deus o seu consolo aos corações enlutados e que haja paz sobre a sua memória. "Dele pode se dizer: Combateu o bom combate, completou a carreira e guardou a fé." (Pr. Rayfran Batista da Silva, líder da AD em Santa Inês - MA)
É com pesar que comunicamos o falecimento do pastor Antonio Meton Soares, ocorrido as 3.00 h da manhã deste sábado (07) em São Luis.
Nossos pêsames a toda a família enlutada bem como a toda a Igreja. Aprouve a Deus, que sabe de todas as coisas e se agradou Deus em recolhê-lo hoje a gloria, pois “Preciosa é à vista do SENHOR a morte dos seus santos” (Salmos 116.15).
Nossos pêsames a toda a família enlutada bem como a toda a Igreja. Aprouve a Deus, que sabe de todas as coisas e se agradou Deus em recolhê-lo hoje a gloria, pois “Preciosa é à vista do SENHOR a morte dos seus santos” (Salmos 116.15).
Antonio Meton Soares, nasceu em 04 de
junho de 1921, na cidade de Tamboril, no Estado do Ceará. Aceitou Jesus em 1945
na cidade de Pedro II (PI). Cearense, com 22 anos de idade, Meton Soares sai do
Ceará e passa a morar no Estado do Piauí e no ano de 1950 veio para o Maranhão.
Pr. Meton Soares iniciou o seu
ministério na então Água Branca, hoje a cidade de Vitorino Freire. Depois
pastoreou as igrejas de Igarapé Grande, Caxias, Andirobal dos Crentes e
atualmente Pio XII, Santa Inês e Pedreiras. Foi líder da Assembleia de Deus na
cidade de Santa Inês, entre os anos de 1963 a 1970. Tendo sido transferido para
a cidade de Pedreiras onde pastoreou até o ano de 1990, quando retornou à Santa
Inês e permaneceu na direção geral da igreja até o dia 26 de dezembro de 2009,
quando então, entregou oficialmente a liderança ao pastor Rayfran Batista da
Silva.
Em suas muitas atividades pastorais
Meton Soares assumiu também a presidência da CEADEMA (Convenção Estadual das
Assembleias de Deus no Estado do Maranhão) no início de 1996, sucedendo o
pastor Estevam Ângelo de Souza e presidiu a mesma até dezembro de 1998.
Atualmente o pastor Antonio Meton Soares é presidente de honra da Assembleia de
Deus em Santa Inês e também da CEADEMA.
Última entrevista com Pr.
Antonio Meton Soares
Por Gildenemyr L.
Sousa em setembro de 2006
Presidente de Honra da CEADEMA abre o
coração e conta como foi o início da maior igreja evangélica no Estado.
Muitos foram os bravos pioneiros que
enfrentaram corajosamente dificuldades e privações sem imaginar que aquela
Assembléia de Deus que construíam, em menos de 90 anos, seria a maior igreja
evangélica do Estado. Foi neste espírito de pioneirismo e empreendorismo
presente num passado difícil, porém, cheio de glórias, foi que começou nossa
história. História, cujos heróis, na sua maioria, já se foram, mas uns poucos
ainda estão por ai: tranqüilos, leves, serenos, marcados por vitórias e
realizações, cujas marcas passam pouco perceptíveis aos olhos comuns. Porém, há
um Deus cujos olhos são como chamas de fogo (Ap 2.18). E não há nada que passe
despercebido de Seus olhos. Por isso mesmo, dá conta dos detalhes das coisas,
das ações e, principalmente, das motivações dos homens.
Mas, entre os pioneiros que ainda
estão por ai: tranqüilos, leves, serenos e com singular disposição, destacamos
o inquebrável, o singular, o pastor Antonio Meton Soares. Um homem sem
paralelo, pelo menos, por aqui por perto, não se vê igual. “Essa parte de saúde
vem de Deus” – Afirma. Nascido em 04 de junho de 1921, na cidade de Tamboril,
no Estado do Ceará. Ainda jovem, muda-se para o Piauí. Na cidade de Pedro II,
torna-se mordomo da família Braga. Apesar dessa responsabilidade, adquire a
fama de valente. Torna-se respeitado por sua destreza e força física. “Quando
eu chegava a uma festa todo mundo se levantava com medo”. Certo dia, às 7 horas
da noite, já no seu quarto pra dormir, começou a refletir na vida e no seu
futuro próximo. Ao amanhecer, estava decidido em procurar uma jovem para se
casar. No que lhe foi apresentada uma parenta da esposa de seu patrão. Surgindo
em sua vida, dona Maria Eugênia, que lhe daria os filhos: Daniel, Samuel, Ester
e Josué. Maria Eugênia toma parte de sua vida até 05 de outrubro de 1970,
quando passa a estar com o Senhor. Casando em segunda núpcias, com dona Maria
Leonarda de Sousa Soares, que lhe deu mais dois filhos: Josias e Antonio Meton
Filho.
A cidade de Pedro II tornou-se palco
de acontecimentos que terminaram por nortear o que seria o seu futuro. Em Pedro
II, aprende a profissão de pintor e pedreiro. Também nesta cidade se dar o seu
primeiro matrimônio. E, em Pedro II, no dia 12 de agosto de 1945, nasce outra
vez na pessoa do Senhor Jesus Cristo. “O maior milagre que eu posso registrar é
porque eu tinha o nome de valente. Aceitei a Jesus e não briguei mais... Isto
foi um grande milagre!” – Resume.
Em 1950, chega ao Maranhão,
precisamente em Água Branca (hoje Vitorino Freire). A partir daí, aproveitamos
um texto escrito pelo próprio punho do saudoso pastor Estevam Ângelo de Souza:
“Após auxiliar no trabalho do Senhor no Piauí, o pastor Antonio Meton Soares,
mudou-se para o Maranhão, onde continuou auxiliando, sendo consagrado
evangelista no dia 03 de março de 1955, para servir em Vitorino Freire, sob a
direção do pastor Manoel Alves Ribeiro. Transferido, serviu depois às seguintes
igrejas, nos seguintes lugares: Igarapé Grande, Guimarães. No dia 26 de
novembro de 1960 foi ordenado ao Santo Ministério, na cidade de Vitorino
Freire. Nessa ocasião foi transferido para o pastorado da igreja em Caxias. No
ano seguinte foi transferido para Andirobal dos crentes, onde iniciou a
construção do templo, deixando-o em fase de conclusão. Em 1963 foi transferido
para Santa Inês, encontrando iniciado o templo sede daquela igreja, o concluiu.
Em l970, foi transferido ao pastorado da igreja em Pedreiras, onde concluíra a
construção do templo que estava iniciado, inaugurando-o em 19 de dezembro de
l971. Nota: É casado em segunda núpcias, com dona Maria Leonarda de Sousa
Soares.”
Incansável, possui o carisma dos
heróis de verdade e a marca de um servo. Esta frase explica quem é o pastor
Antonio Meton Soares. 84 anos, pastoreando pela segunda vez a igreja de Santa
Inês, é responsável pela construção de quase 30 templos somente na cidade. Com
disposição incomum, rebate a idéia de que já é hora de se aposentar. “Quando me
falam em jubilação que eu não gosto. Não é comigo jubilação. Então quem tiver
de olho na minha jubilação é melhor perder o assunto, quero morrer
trabalhando!” declara veemente.
“Jubilação não é comigo”
1. Sua conversão transcorreu de forma
comum ou envolveu alguma coisa inusitada?
– Eu estava em casa e um outro rapaz
me convidou pra ir ouvir um pregador que tinha chegado de Piripriri (PI). Ai eu
botei uma faca no quarto e fui. Cheguei lá, era o evangelista José Pio da Paz,
que inclusive passou para eternidade agora em Brasília. E ele estava tocando um
pistonzinho, tocando um hino lá, numa casa e um sargento da polícia ao lado
dele. E eu gostei quando ele pregou... Que quando ele saiu de dentro do
salãozinho eu falei para ele: “eu quero ser do teu lado, achei bonito tu
pregar”. Ai ele orou por mim eu não sabia o que era. Não foi coisa assim de eu
saber nem que estava num em culto, eu não sabia o que era culto, não sabia
nada. Ele anotou meu nome e quando foi no outro dia o padre se levantou contra.
E o padre foi quem me ajudou porque eu me zanguei com o padre e me firmei no
evangelho (risos).
2. Quando começou a evangelizar?
Como estava falando, a época que
aceitei a Jesus ocorreu muita perseguição. E o evangelista (José Pio da Paz)
não pôde ir mais à Pedro II, foi impedido. Ai de Piripiri ele me telegrafou
para que eu trabalhasse, pregasse o evangelho. Eu não sabia pregar, mas o
sacristão do padre sabia o que eu haveria de ser crente, logo vinha implicar
comigo e eu brigava com ele, corria com ele. Ai eu fui me firmando dizendo que
era do lado do pregador. Ai as pessoas que ia se manifestando da mesma forma
que eu. Fui reunindo estas pessoas, quando o Zé Pio voltou em Pedro II
organizou a congregação.
3. Então foi o pastor José Pio que lhe
apresentou no Ministério?
– Não. Foi o pastor Manoel Ribeiro,
que hoje reside em Castanhal, no Estado do Pará.
4. Como se deu a sua chamada?
Eu auxiliava o trabalho em Vitorino
Freire e continuava trabalhando na minha profissão. Era pedreiro e pintor.
Continuava trabalhando na minha profissão e não pensava em ser pastor não, viu!
Mas eles se agradaram de mim... Naquele tempo era muito difícil, ser pastor era
só sofrimento, não tinha quase quem se interessasse ser pastor. Quando de São
Luís, o pastor Furtadinho mandou uma carta de autorização para mim, destinada
ao pastor José Pio, que nesse tempo estava em Bacabal. Então ele reconheceu a
firma e mandou para mim, no dia 06 de setembro de 1952.
5. Quais eram as principais dificuldades
enfrentadas, naquela época, pelos pregadores do evangelho?
Meu irmão, os que tinham profissão,
que trabalhavam tinha alguma coisa para se manter. Mas quem trabalha braçal
levava uma vida difícil, não podia nem sair viajando. Por isso, no caso de evangelização,
os que se dispunha a fazê-lo eram pessoas que realmente tinham vocação e
disposição pra trabalhar. O pastor Otoniel Alencar, mesmo auxiliar, era enviado
pelo missionário para qualquer cidade no Maranhão. Ele pegava um lençol
colocava uma redinha dentro e saía confiando somente em Deus.
6. Aconteceu assim também com o senhor?
– Não, não fiz assim porque eu
trabalhava, tinha sempre minha profissão, andava sempre com meus dinherín
(risos).
7. E hoje, em sua opinião, quais as
principais dificuldades a serem enfrentadas?
- Hoje todo mundo está respeitando os
crentes. Naquele tempo, a autoridade não considerava crente, era bicho do mato.
Mas hoje, elas consideram, respeitam. Os problemas que tem, na maioria, são os
próprios pastores que arranjam briga pra eles.
8. Os critérios para se ingressar
naquela época eram mais rígidos?
– Naquele tempo era muito diferente!
Até porque o crente considerava o pastor um homem santo de Deus. O que o pastor
dizia o crente fazia. E hoje não. Em muitos casos, o pastor diz uma coisa, o
crente ta ouvindo por ali mais faz do jeito que ele quer. Quando agente vê as
fotografias dos crentes daquela época constatamos logo as mulheres vestidas com
decência, com simplicidade, hoje as mulheres crentes são quase todas com saias
curtas, pintadas. Até algumas esposas de pastor... Às vezes, o pobre do pastor
fica envergonhado por causa disso. Quando esse pastor ta atacando a respeito de
pintura, a mulher dele mesmo fica rindo... Porque ela mesma se pinta.
9. Quando o senhor iniciou suas
atividades pastorais no Maranhão, o pastor Estevam já estava?
– Não. Eu comecei no ministério do
Maranhão primeiro do que o Estevam. Quando recebemos a Convenção, éramos apenas
25 pastores. O pastor Estevam não estava entre estes.
10. Destes 25 obreiros, além do senhor,
quem ainda não passou para eternidade?
– Sou informado que o pastor Manoel
Ribeiro ainda está vivo, residindo em Castanhal, PA. Mas somente eu estou na
ativa.
11. Então o senhor deve lembrar de
detalhes da chegada do pastor Estevam no Maranhão?
¬ Sim. Quando o pastor Alcebíades
assumiu o trabalho no Maranhão, ali na Rua do Passeio – São Luís tinha um
templozinho todo rachado pra cair, mesmo porque era uma descida de alto ali,
então, o pastor Alcebíades convocou os pastores do interior, naquele tempo
tinha uns 30, convocou e pediu ajuda das igrejas do interior, que se
responsabilizassem com uma certa importância para o trabalho da igreja em São
Luís. A contribuição foi feita também com mão-de-obra. As igrejas que tinham
crente que fosse pedreiro deveriam enviar. Eu, pelo menos, como pedreiro,
passei mais de mês em São Luís trabalhando na construção do templo. Desse modo,
quando terminou a construção, o pastor Alcebíades convocou novamente os
obreiros do Maranhão. E, nesta reunião, ele expôs que queria convidar um
obreiro para lhe auxiliar em São Luís. Ai combinando conosco manifestou o
desejo de trazer o pastor Túlio Barros, do Rio de janeiro para São Luís. Disse
para nós que o Túlio Barros era um homem bem preparado, pois já tinha ginásio.
Ai nós ficamos com medo do Túlio Barros por causa do ginásio... Tem outro,
pastor Alcebíades? Ele disse “Tem um do Piauí, que também é um bom pregador,
não tem ginásio, não tem preparo, mas é um pregador, Estevam Ângelo de Souza é
o seu nome”. Foi ai que escolhemos o nome do Estevam porque não tinha ginásio.
Estevam veio e sofreu muito em São Luís. Um dia, eu cheguei onde ele morava.
Encontrei-o com um facão na mão e com umas tábuas de pinho, que ele conseguiu a
partir de uns caixões que vinha nas latas de querosene. Ai ele tava com um
facão e umas tábuas de pinho fazendo uns tamancos pra ele andar em São Luís,
por que não tinha condição de comprar um par de sapatos. O Estevam sofreu
muito. Um homem sofredor (se emociona).
12. O senhor que acompanhou o pastor
Estevam, do começo ao fim de sua trajetória neste Estado, o que ele, na sua
opinião, representou para AD no Maranhão?
– Ora, o Estevam foi a maior
liderança para a AD no Maranhão. Para ele não interessava riqueza para si.
Procurou trabalhar muito, mas para fazer patrimônio para AD em São Luís e no
Maranhão. Essa região do sul do Estado, quando nós começamos evangelizar ele se
prontificou para que em cada uma daquelas cidades fosse estabelecida uma
Assembléia de Deus com uma casa pastoral.
13. Comparando o ritmo de evangelização
da Assembléia de Deus no Maranhão daquela época com o de hoje, qual o ritmo
mais acelerado?
- Essa parte de evangelização já foi
melhor. Anos atrás os pastores tinham prazer em evangelizar. Não se tinha
carro, agente andava era de pé. Hoje tudo de vantagem se tem, mas... O
entusiasmo é bem menor.
14. O senhor já percebeu o quanto os
pastores estão apercebidos da necessidade de estudarem? Nunca se viu tantos
pastores cursando faculdade, qual a vantagem disso para a igreja?
– Estudar é uma das coisas que eu
sempre aprovei, mesmo quando os pastores mais velhos protestavam contra se
estudar, eu sempre aprovava. Porque agente deve aprender alguma coisa além do
que já sabe. Pois, quando agente pensa que sabe alguma coisa ai é que aparece
coisa pra gente saber. Quanto mais se estudar melhor é. E, principalmente,
estudar a Bíblia, no caso dos pastores. Estudar até um pedaço de jornal que se
encontrar no chão pode ler, pode ser que tenha uma história que você precisava
saber.
15. O senhor se considera um estudioso?
– Bom. Eu comecei estudar quase sem
dizer nada pra ninguém. Até porque, naquele tempo era meio proibido estudar.
Quem abriu essa porta do estudo para os pastores da AD no Maranhão foi o pastor
missionário Kolenda. Que veio ao Maranhão apresentar o Curso Bereano. Nessa
época, eu já havia concluído o curso de contabilidade, cursei quase escondido
dos pastores. Dessa forma, nunca falei nada ninguém sobre o meu estudo nem
quando estava cursando nem quando recebi o diploma.
16. O senhor poderia citar nomes de
pastores que foram destaque daquela época?
- Os que se destacavam mesmo naquele
tempo era José Pinto de Menezes (Furtadinho), Francisco Pereira do Nascimento
(foi pastor regional dos Estados Pará, Maranhão e Piauí), Alcebíades Pereira
Vasconcelos. Este, um dos melhores pastores que trabalhou no Maranhão. Todo
tempo gostei dele. O Alcebíades e Estevam foram os homens que serviram o
Maranhão com prazer. O pastor Alcebíades, quando pastoreou em Coroatá,
alcançava o sul do Maranhão andando a pé. Passava por Dom Pedro quando chegava
em São Raimundo das Mangabeiras, ali aquele carrapadinho tomava de conta do
corpo dele, e vencia os carrapatos tirando do corpo raspando com a faca.
17. Qual a primeira idéia que veio em
sua mente após a noticía da morte do pastor Estevam?
– Eu chorei demais. Não pude falar
nada. Quando eu entrei lá no hospital que o médico estava remendando o Estevam,
eu não sei como me agüentei. Eu nunca esperava no mundo uma coisa daquela!
18. O senhor é o pastor na ativa da
CEADEMA, com mais idade e mais tempo de ministério. Qual o segredo de tanta
energia?
– Não sei se existe segredo. Desde
jovem eu procurei me preservar de algumas coisas, pelo menos essa parte de
mulher da vida eu nunca procurei. Sempre me defendi dessas coisas. Uma vez
ainda comprei um cigarro, mas quando acendi e botei na boca não deu certo ai
joguei fora. Também tentei mascar fumo e não deu certo para mim, joguei fora
também. Pra mim essas coisas não deram certo. Isto, desde a juventude.
19. O senhor é sempre bem humorado,
gosta de fazer as pessoas sorrirem. Vai levando a vida levemente, não seria
isso a razão de tanta vitalidade?
– Não sei se faço se faço alguém ri.
Eles é que riem quando eu falo. Eu sempre gosto de falar com sinceridade... Eu
não procuro fazer graça pra ninguém.
20. O senhor foi presidente da CEADEMA
por dois anos. Acompanhou de perto a gestão seguinte do pastor Joacy. Mas em
que momento o senhor percebeu que seria o tempo do pastor Pedro Aldi Damasceno
presidir a Convenção Maranhense?
– O Pedro sempre foi meu amigo,
porque ele era minha segunda pessoa quando eu tava na liderança da Convenção e
sempre foi meu amigo! Ele é uma capacidade, é um homem sincero, gosta de ser
pastor, trabalha direitinho e está fazendo um grande trabalho.
21. Muitos buscam destaque, cargos,
proeminência. O senhor é o presidente de honra da CEADEMA, como lhe veio o
destaque, o respeito, coisas tão ansiosamente buscada pela maioria?
– Eu nem sei se sou assim
considerado! E se me consideram não sei o porquê. Eu nem sou uma pessoa de
andar ajeitando um e outro, sou até um pouco calado. Não sei por que eles me
consideram assim não... Você vê, os padres pelo menos se fazem de meus amigos,
não sei se são. O bispo de Crateús, no Estado do Ceará, no ano passado, veio
exclusivamente ao Maranhão para participar das comemorações do meu aniversário.
Ele também sempre me escreve. Há poucos dias me mandou um livro. Então não sei
o porquê disso não.
22. Como o senhor vê a Convenção
Maranhense em relação às outras Convenções?
- Meu irmão, a Convenção do Maranhão
já foi respeitada. Ela era o modelo para as outras convenções. Mas, de certo
tempo pra cá caiu muito.
23. Pelo tempo que o senhor acompanha a
Assembléia de Deus, certamente tomou parte de muitos acontecimentos miraculosos
em toda a historia do pentecostalismo no Brasil. Teria um milagre memorável
para relatar?
– O maior milagre que eu posso
registrar é porque eu tinha o nome de valente. Aceitei a Jesus e não briguei
mais... Isto foi um milagre! Quando eu chegava num lugar todo mundo se
levantava. Porque quando entrava na briga não apanhava só fazia maltratar os
outros. Era forte fisicamente, eu possuía uma faca tão ligeira, que ninguém
sabia dizer como era aquilo. Coisa mais triste! Para mim esse foi o maior
milagre que já vi. Pois, se não tivesse aceitado a Jesus já teriam me matado.
24. É notório que o começo da
Assembléia de Deus foi marcado por sofrimentos e perseguições. Muitos crentes
foram até apedrejados. O senhor sofreu algo desse tipo?
– Quando eu aceitei Jesus, o saudoso
pastor José Arcanjo de Deus e Silva aceitou também em Altos, no Piauí. E o
padre deu uma surra nele de chicote. E eu aceitei lá em Pedro II e quando foi
na outra noite o padre veio com uma procissão e uma imagem passando na frente
da casa do senhor Braga. Onde morava e trabalha como mordomo. Ai fiquei
olhando, não disse nada. Na outra noite ele veio de novo como outra imagem. Ai
trouxeram uma mesa, na qual o padre subiu para fazer uma pregação de ataque aos
protestantes. E ele sabia que eu tinha dado o meu nome para ser protestante.
Mas eu não entendia nada de crente, não sabia o que era. Tava lá no meio
deles... Agora eu tava com uma faca no quarto. Tinha deixado o rifle. Ai um
jogou um cigarro pegando fogo nos meus peitos aqui. Toque! E eu não vi e
fiquei... O cigarro bateu aqui pegou fogo, bati com a mão, puxei a faca pra
saber quem era que tinha batido. Quando eu dei um grito o padre pulou da mesa
no chão e correu na minha direção ai correu todo mundo. Ai eu dei com a faca na
mesa e fiquei doido lá...Ai eu gritava: agora é que eu sou lado daquele caboclo
baixo (o evangelista José Pio), doidinho com a faca na mão... Mas a respeito
desse meu jeito, não foi nem crente que me doutrinou foi um sargento da
polícia. E foi o que me fez jogar na privada o rifle que eu tinha e também: o
punhal que era assim manerím, bom que era uma beleza... Uma faca lombada e uma
caixa de bala que custara 100 mil rés. Joguei tudo na privada, lá em Pedro II,
no Piauí. Na certa, a ferrugem já comeu... (Risos). O sargento Isaías depois se
tornou ser crente, mas já passou pra eternidade.
25. O senhor demonstra ter um grande
prazer em ser pastor
– Sobre esse assunto é o seguinte:
quando eu aceitei Jesus e comecei a trabalhar na Causa de Jesus senti eu devia
me prontificar em enquanto tivesse vida trabalhar pra Jesus. É tanto que têm me
falado em jubilação, mas eu não penso nisso. Penso em trabalhar. Eu quero
morreu trabalhando. Quando me falam em jubilação eu não gosto. Não é comigo
jubilação. Então quem tiver de olho na minha jubilação é melhor perder o
assunto.
26. Parece que a sua história de vida
dá conta de mais vitórias do que outra coisa. Por acaso, daria pra relatar a
maior dificuldade enfrentada em sua vida, um fracasso ou uma oposição?
– Foi essa queda eu ganhei aqui em
casa mesmo. Tá com dois anos que eu cai ali no quintal e agora eu to andando
com essa bengala. Esta é a parte que me aconteceu de pior na vida. Nunca adoeci
de nada! Agora mesmo em São Luís fizeram exame de toda coisa. Examinaram meu
sangue e tanta coisa. Não deu nada em coisa nenhuma. O médico disse o senhor é
a pessoa mais sadia do Maranhão.
27. São quantos os pastores que foram
apresentados ao Ministério pelo senhor?
– Ah não sei. São quase todos
(risos). Até o pai de Estevam passou pela minha lapiseira.
28. O senhor poderia citar nomes de
pastores, com os quais teve maior afinidade?
Só com Estevam mesmo. Com quem eu
conversava todos os assuntos. Com o Pedro também. Com esse que está em Zé Doca,
o Heitor. Sempre segredo, qualquer coisa eu combinava era com ele, depois que
Estevam morreu. Mas meu assunto mesmo era com o Estevam.
29. O senhor poderia dizer que está
satisfeito com a administração do pastor Pedro Aldi?
– O Pedro é uma excelente pessoa,
sempre faz as coisas de acordo comigo. É um dos amigos que eu tenho no
ministério. Está fazendo um grande e respeitável trabalho.
30. Deixe uma palavra para os novos
obreiros.
– Que trabalhe direitinho pra Jesus.
Que trabalhe com segurança, com simplicidade, respeitando uns aos outros.
Porque quando se respeita os companheiros e o povo em geral se alcança também
aquele respeito. Este é o meu conselho. Temos tantos entrando no ministério
cujo maior interesse não é trabalhar pra Jesus.
Fonte: www.abimaelcosta.com.br
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